A Associação Portuguesa de Medicamentos Genéricos e Biossimilares (APOGEN) alertou esta quarta-feira que o aumento da inflação e do preço da energia pode comprometer o acesso dos cidadãos a medicamentos essenciais, se não forem tomadas medidas urgentes.

Caso não sejam implementadas medidas urgentes para assegurar a sustentabilidade da cadeia de produção dos medicamentos genéricos e biossimilares, é o acesso dos cidadãos à saúde que está comprometido”, adiantou a presidente da APOGEN.

Citada num comunicado, Maria do Carmo Neves salientou que o aumento da inflação e dos preços da energia tem um “impacto negativo na disponibilidade de medicamentos genéricos e biossimilares“, uma situação que é “particularmente grave pois põe em causa o acesso a medicamentos considerados essenciais”.

“Esta escalada de preços foi exacerbada pela pandemia causada pela Covid-19 e agravada pela guerra na Ucrânia. Os custos das matérias-primas sofreram aumentos entre 50 e 160% e os custos de transporte até 500%”, alertou a associação que representa 14 empresas da indústria farmacêutica da área dos genéricos e biossimilares.

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De acordo com o comunicado, a indústria farmacêutica continua a ser “fortemente penalizada pela manutenção das medidas introduzidas aquando da crise financeira de 2011-2014”, caso da aplicação da contribuição extraordinária sobre o setor que, desde 2015, “penaliza particularmente as empresas de medicamentos genéricos e biossimilares”.

“Os níveis recorde atingidos em 2022 nos preços do gás e da eletricidade comprometem o regular funcionamento das cadeias de abastecimento, afetam o fabrico de medicamentos e agravam as condições de sustentabilidade do setor. Esta situação ameaça o fornecimento de medicamentos e os esforços da indústria farmacêutica em investir no fabrico na Europa, como refere uma carta aberta da Medicines for Europe, dirigida terça-feira aos ministros europeus da Energia, comissários europeus e Parlamento Europeu”, adiantou ainda a APOGEN.

Perante isso, os associados da APOGEN têm, neste momento, “sérias dificuldades em garantir a produção de muitos medicamentos essenciais porque sucessivamente os governos ignoraram fatores como a sustentabilidade do setor”, afirmou Maria do Carmo Neves.

Com o objetivo de combater a possibilidade de “mais ruturas de medicamentos num futuro próximo”, a APOGEN pretende a suspensão da contribuição extraordinária sobre a indústria farmacêutica e a mitigação de políticas de contenção dos preços dos medicamentos.