A Comunidade Económica dos Estados da África Central e a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) discutiram esta quarta-feira formas de cooperação no domínio político, desenvolvimento da língua portuguesa e comissões de observação eleitoral, referiram responsáveis das organizações.

Após a reunião que teve com o secretário-executivo da CPLP, Zacarias da Costa, na sede desta comunidade, em Lisboa, o presidente da comissão da Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC), Gilberto Veríssimo, disse à Lusa que no encontro decidiram “nomear pontos focais” para serem trabalhados em conjunto com vista à assinatura de um “memorando de entendimento”.

Lembrando que a CEEAC tem 11 Estados-membros, dos quais três são também membros da CPLP (Angola, São Tomé e Príncipe e Guiné Equatorial) e um quarto, que é candidato a observador associado da CPLP, o Ruanda, Gilberto Veríssimo afirmou: “Temos quatro razões para estarmos juntos”.

Por isso, decidimos nomear pontos focais das duas organizações, que irão pôr-nos mais em contacto, para trabalharmos sobre um acordo de memorando de entendimento entre as duas organizações, de forma a que possamos trabalhar em conjunto”, acrescentou.

Neste contexto, segundo o presidente da CEEAC, “a questão política interessa às duas organizações, a estabilidade e desenvolvimento político, pelo menos nos três Estados-membros da CPLP e membros efetivos da CEEAC”.

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A formação em língua portuguesa é outro aspeto em que poderão cooperar, admitiram Zacarias da Costa e Gilberto Veríssimo, lembrando este último que “hoje o português já é uma língua de trabalho da CEEAC, mas que não se utiliza”.

“O português ainda não é utilizado na CEEAC e nós estamos a trabalhar com o seu presidente e a sua equipa, por forma a termos o português como língua de trabalho” na organização, afirmou Zacarias da Costa.

Lembrando que o português já é língua de trabalho em mais de 30 organizações internacionais, o secretário-executivo da CPLP disse que a organização “está a trabalhar no sentido de que esse número possa crescer no futuro”.

Zacarias da Costa admitiu que “sonhar com o português como língua oficial das Nações Unidas é muito difícil”, porque “representa um esforço financeiro enorme”, mas defendeu que é possível “aumentar o número de organizações internacionais onde o português é, pelo menos, língua de trabalho”.

Na CEEAC, o português já é uma das línguas de trabalho, mas é preciso “concretizar e isto só será possível conversando, dialogando e cooperando, formando também pessoas, no sentido e levar avante esse objetivo”, apontou.

“Este também é um ponto em que dissemos que podemos trabalhar em conjunto (…), na formação de formadores em língua portuguesa“, frisou Gilberto Veríssimo.

Um terceiro aspeto em que as duas organizações assumiram que deverão cooperar no futuro é “no domínio das missões de observação eleitorais”.

“Nós estamos a trabalhar, ainda que não formalmente para as eleições. A CEEAC enviou uma missão de observação para São Tomé [e Príncipe] e a CPLP também. As duas comissões de observação trabalharam em conjunto, ainda que não haja um acordo formal”, apontou, como exemplo, o líder da CEEAC, que manifestou ainda o interesse da organização a que preside no conhecimento que existe no centro de documentação do secretariado-executivo da CPLP.

A CPLP “tem um centro de documentação que nos interessa explorar”, explicou.