O presidente da Câmara Municipal da Guarda, Sérgio Costa, disse esta quarta-feira que os incêndios do verão causaram oito milhões de euros de prejuízos em infraestruturas municipais e danos no valor de 1,5 milhões de euros em habitações.

Segundo o autarca, que respondia perante os deputados da Assembleia Municipal, após o assunto ter sido abordado no Período da Ordem do Dia, por parte dos autarcas da região e de governantes, “tem havido muita cautela” a falar em números.

Avançou, no entanto, com alguns dados relativamente aos prejuízos que as chamas deste verão causaram no concelho, começando por salientar que foram registados prejuízos de oito milhões de euros em infraestruturas municipais.

Sabem quanto é que nós vamos receber do FEM [Fundo de Emergência Municipal], para isso? 600 mil [euros]. Estão a ver a balança, não estão?”, afirmou.

Especificou que a estrada entre Gonçalo e Valhelhas, que foi atingida pelo fogo da serra da Estrela, “vai partir toda” no inverno, “porque as temperaturas foram tais” que “ela vai partir toda” com a ação do degelo.

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“Mas podemos ir a outras estradas. O caminho do Castelão entre Gonçalo e entre Famalicão [da Serra]. E tantas outras estradas, [como por exemplo] para a Quinta da Taberna, em Videmonte. (…) Vamos ver o caminho que vai ser trilhado para que se encontrem as oportunidades certas e adequadas, no tempo certo, para que façamos face a essas necessidades”, disse.

Sérgio Costa sublinhou que ao nível das infraestruturas das freguesias registaram-se prejuízos de cerca de 50 mil euros.

Já no tocante às habitações, adiantou que no concelho da Guarda arderam 27 habitações, sendo cinco delas primeiras habitações.

“Estamos a falar num montante nunca inferior a 1,5 milhões de euros [de danos]. Aguardamos que, por via da CCDR [Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional] ou por via do IHRU [Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana], possam sair os avisos necessários para que esta gente possa ali ir buscar as verbas necessárias para as primeiras habitações, as cinco, se não me falha a memória. As restantes vão ter zero de apoio. Foi isso que nos foi comunicado”, explicou.

Sérgio Costa prometeu continuar a “batalhar” e a “lutar”, “seja por via do plano de revitalização [do Parque Natural da Serra da Estrela] ou por outro plano qualquer, para que as segundas habitações possam também ser apoiadas”, por considerar que “é da mais elementar justiça” que tal aconteça.

Em relação a empresas, apontou um prejuízo de cerca de meio milhão de euros, sobretudo no setor do turismo: “Uma delas até estava para abrir portas, em breve. Ardeu tudo”.

O presidente do município da Guarda alertou, ainda, que, devido aos incêndios, a qualidade da água de abastecimento público “pode ficar em causa”, situação que está a ser monitorizada diariamente pelos técnicos do município.

O grande incêndio na serra da Estrela deflagrou no dia 6 de agosto em Garrocho, no concelho da Covilhã (distrito de Castelo Branco) e rapidamente alastrou a outros concelhos da zona da serra da Estrela.

De acordo com os dados governamentais, este fogo consumiu 28 mil hectares do Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE), sendo que o Governo aprovou a declaração de situação de calamidade para este território, a qual vigora durante um ano.

No dia 15, o Governo também aprovou medidas no valor de 200 milhões de euros para aplicar nos concelhos com maior área ardida este ano em Portugal.

Da verba de 200 milhões de euros, “40 a 50%” é para os concelhos da serra da Estrela, segundo especificou, no dia 17, a ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa.

A governante detalhou que o pacote global abarca medidas de emergência, que devem estar no terreno até ao fim deste ano, e medidas de resiliência e competitividade, que devem ser implementadas até junho de 2023.

Além dos municípios da serra da Estrela (Celorico da Beira, Covilhã, Gouveia, Guarda, Manteigas e Seia), também são elegíveis para estes apoios os municípios de Carrazeda de Ansiães (Bragança), Mesão Frio (Vila Real), Murça (Vila Real), Vila Real, Albergaria-a-Velha (Aveiro), Alvaiázere (Leiria), Ansião (Leiria) e Ourém (Santarém).