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"O Velho" pode não ir muito longe, mas por Jeff Bridges vamos a todo o lado

Este artigo tem mais de 1 ano

É uma espécie de “24” versus “Homeland” para maiores de 65 mas, no final de contas, o que sobressai é o carisma e a capacidade de transformação do protagonista. Para ver na Disney+.

Jeff Bridges é Dan Chase, um antigo agente da CIA que se embrulhou numa guerra que não era a sua, acabando a ter de fugir e desaparecer. Agora o passado foi atrás dele e a coisa não vai acabar bem
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Jeff Bridges é Dan Chase, um antigo agente da CIA que se embrulhou numa guerra que não era a sua, acabando a ter de fugir e desaparecer. Agora o passado foi atrás dele e a coisa não vai acabar bem

Jeff Bridges é Dan Chase, um antigo agente da CIA que se embrulhou numa guerra que não era a sua, acabando a ter de fugir e desaparecer. Agora o passado foi atrás dele e a coisa não vai acabar bem

A melhor coisa que aconteceu ao mundo da televisão nos últimos anos foi o facto de os grandes atores de Hollywood terem percebido que ser protagonista de uma série não era equivalente a ficar 20 anos preso ao mesmo papel de uma novela. Isso deve-se a alguém cujo nome não devemos pronunciar (leiam muito depressa: Kevin Spacey) que, graças a “House of Cards” e ao seu tremendo sucesso, abriu as portas para todos os outros (Nicole Kidman, “Big Little Lies”; Kate Winslet, “Mare of Easttown”; Anthony Hopkins, “Westworld”; Amy Adams, “Sharp Objects”; Matthew McConaughey, “True Detective” – podíamos continuar nisto tempo suficiente para ganhar a montra final do “Um, Dois, Três”, mas temos outros assuntos para falar). O investimento das plataformas de streaming fez o resto: mais produções, mais qualidade e a possibilidade de chegar ao mundo praticamente todo em simultâneo. Ficámos todos a ganhar.

Isto leva-nos a “O Velho” – disponível na Disney+ a partir desta quarta-feira, 28 de setembro –, cujo papel principal caiu nas mãos de Jeff Bridges, uma figura imponente no ecrã que, ao longo da carreira, teve muitas nomeações, mas apenas vitórias q.b. (sete nomeações para os Óscares, uma vitória; cinco nomeações para os Globos de Ouro, uma vitória e um prémio honroso; cinco nomeações para os SAG Awards, uma vitória). Aos 72 anos foi parar a uma série e a produção de Jonathan E. Steinberg e Robert Levine bem pode agradecer-lhe, porque é ele que leva “O Velho” às costas.

Bridges é Dan Chase, um antigo agente da CIA que se embrulhou numa guerra que não era a sua (Afeganistão invadido pela União Soviética em 1979), acabando a ter de fugir e desaparecer. Durante anos levou uma vida falsa, mas pacata. Isto até alguém lhe invadir a casa e tentar matá-lo – o tempo das reformas descansadas já lá vai. Chase está de novo em fuga, enquanto tenta perceber quem anda atrás dele.

[o trailer de “O Velho”:]

Baseada no livro homónimo de Thomas Perry, The old man, a série tem pura e simplesmente isso: um homem velho ou vários, na verdade, a medirem forças e a ajustarem contas do passado. Tudo o resto é atirado para segundo plano, uma pena quando há excelentes atores e arcos narrativos que mereciam ser explorados. Ainda assim, ver Jeff Bridges no ecrã é mais ao menos como olhar para as luzes de Natal quando ligamos a parafernália toda à corrente pela primeira vez: é hipnotizante e fascinante.

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A primeira meia hora de “O Velho” leva-nos a crer que estamos a assistir a uma história completamente diferente. Espreitamos a vida de um homem a degradar-se. Sozinho, depois da morte da mulher demente, está obcecado com a possibilidade de também a sua saúde mental se deteriorar. Arrasta-se pela casa e pela vida, conformado com uma existência que tem um curto prazo de validade. Os diálogos são praticamente inexistentes, manifestam-se através dos telefonemas preocupados da filha, Emily, de quem apenas ouvimos a voz. A banda sonora faz-se de instrumentais de cordas que nos vão conduzindo para um caminho no qual não nos apercebemos que entramos: já gostamos desta personagem e nem sabemos explicar como.

De repente, Jeff Bridges está a saltar da cama, de arma em punho, e a disparar contra um assassino contratado. “O Velho” transforma-se numa história completamente diferente, nem sempre brilhante, mas cativante o suficiente para nos manter presos ao ecrã – nos EUA, foi a novidade mais vista no cabo nos últimos 18 meses, o que lhe valeu a confirmação de uma segunda temporada. A produção é da FX, mas os direitos de transmissão para um vasto pacote de países, incluindo Portugal, são da Disney+

Os sete episódios têm quase todos uma hora cada. Há cenas que pecam por serem demasiado longas, incluindo as de ação, que deviam ser mais ritmadas. Jeff Bridges despacha inimigos à mesma velocidade que uma mãe come chocolates às escondidas dos filhos. Tem dois brilhantes assistentes: os cães com nome de pessoas, Dave e Carol, leais, obedientes e assustadoramente assassinos. São eles que lhe salvam a vida em mais do que uma ocasião. Eu voto em mais tempo de antena na segunda temporada.

“O Velho” é um círculo que começa e termina sempre com Jeff Bridges e, no fundo, é para ver a sua mestria e o seu carisma que vale a pena estarmos aqui

Do outro lado da barricada – ora amigo, ora inimigo – está mais um ex-agente da CIA. Harold Harper (John Lithgow). Agora diretor adjunto do FBI, vê-se envolvido na missão de capturar Chase. Porém, isso não lhe interessa assim tanto. Os dois têm um historial que, como Harper está sempre a repetir, “está enterrado há mais de 30 anos”. Tão enterrado que, por vezes, não dá para perceber as motivações ou justificações para o que acontece na narrativa. No meio da trama ainda há um perigoso afegão, Faraz Hamzad, cujos cordelinhos que consegue mexer nas altas entidades norte-americanas chegam com um cheirinho a “Homeland”. Para já, a execução não é a melhor. A história tem de ser limada e apurada para não cair no erro de parecer uma trapalhada que quer replicar um bocadinho de cada série que tem tido sucesso.

John Lithgow, um vulto competentíssimo ainda mais subvalorizado, tem aqui um papel secundário que pode não ser o melhor da sua carreira mas que sustenta e catapulta ainda mais a interpretação de Jeff Bridges.

E as mulheres desta história, perguntam vocês? Secundárias, subvalorizadas, com pouquíssimas camadas. É uma pena porque estão lá nomes como Hiam Abbass (a também subaproveitada Marcia de “Succession”) e Amy Brenneman. Esta última é Zoe, uma mulher apanhada no meio da fuga de Dan Chase. É proprietária de uma casa que ele aluga enquanto tenta passar despercebido e vê-se arrastada para uma perseguição à la James Bond. Primeiro, confusa, em choque; depois, esperta, vê que pode tirar proveito de uma situação que lhe dá uma adrenalina que ela nem sabia que precisava. Fica a saber a pouco o tempo que lhe é dedicado e o mesmo é válido para Angela (Alia Shawkat), a protegida de Harold Harper no FBI que tem ligações mais profundas ao passado do que aquelas que aparenta – não posso contá-las já, sob pena de spoiler –, mas cujas motivações precisavam de ser mais claras para nos interessarmos realmente por ela.

“O Velho” é um círculo que começa e termina sempre com Jeff Bridges e, no fundo, é para ver a sua mestria e o seu carisma que vale a pena estarmos aqui. Sobretudo quando sabemos que, durante as gravações, o ator teve Covid-19 ao mesmo tempo em que lutava contra um linfoma. Passou seis semanas internado e, quando teve alta, não conseguia manter-se em pé durante mais de 45 segundos. Por tudo isto, ele já ganhou. E nós também, que podemos vê-lo todas as semanas, episódio a episódio.

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