O Banco Português de Fomento já divulgou as 14 empresas de capital de risco selecionadas no Programa “Consolidar”, cuja dotação o ministro da Economia anunciou que seria duplicada para 500 milhões de euros. Esse é um programa através do qual o Banco de Fomento vai injetar capital em empresas que sejam escolhidas em conjunto com os parceiros privados – um programa que usa fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) – e serve para “apoiar a subscrição de fundos de capital de risco destinados a investimento em capitalização de PME e Mid Caps, impactadas pela pandemia de Covid-19, mas economicamente viáveis e com potencial de recuperação”.

Das 33 candidaturas, com intenções de investimento superiores a 1.300 milhões de euros, submetidas por Sociedades de Capital de Risco e Sociedades Gestoras de Capital de Risco (SCR), foram aprovadas 14 candidaturas, correspondendo a operações de investimento do Fundo de Capitalização e Resiliência (FdCR), diz o Banco de Fomento. Face à “enorme procura” que o programa suscitou, foi decidido duplicar para 500 milhões de euros o valor total. Com a contribuição dos privados, o investimento previsto supera os 750 milhões de euros.

As entidades selecionadas para as realizações de capital pelo BPF, através do FdCR, são:

  • ActiveCap;
  • CoRe Capital;
  • Crest Capital Partners;
  • Draycott;
  • ECS Capital;
  • Fortitude Capital;
  • Grosvenor;
  • Growth Partners;
  • HCapital Partners;
  • Horizon Equity Partners;
  • Inter-Risco;
  • Oxy Capital;
  • Portugal Ventures;
  • Touro Capital Partners.

Em conferência de imprensa esta quinta-feira, a presidente do Banco de Fomento, Beatriz Freitas (que está de saída) salientou que este programa foi dinamizado em tempo inferior ao previsto e agradeceu, por isso, às equipas do banco – argumentando que não tem sido suficientemente reconhecido o trabalho destas equipas e da instituição.

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“As SCR selecionadas devem assegurar a subscrição de fundos com uma dotação mínima de 40 milhões de euros cada um, sendo a comparticipação do FdCR entre 10 e 50 milhões de euros por fundo”, diz o Banco de Fomento em comunicado de imprensa, explicando, também, que “este investimento nos fundos de capital de risco a subscrever será obrigatoriamente acompanhado de investimento privado, com uma comparticipação de, pelo menos, 30% do capital total de cada fundo”. Ou seja, em cada investimento o privado entra com pelo menos 30% e o Banco de Fomento com um máximo de 70%.

Assim, o total dos fundos a subscrever terá, no mínimo, uma dotação global disponível de 752 milhões de euros para capitalizar empresas, promovendo o crescimento, expansão e consolidação de projetos empresariais, bem como o desenvolvimento de novas áreas de negócio e novos produtos, através da reestruturação dos respetivos modelos de negócio e a profissionalização e reforço da equipa de gestão dos Beneficiários Finais”, diz o Banco Português de Fomento.

Segundo o mesmo comunicado de imprensa, a presidente do Banco de Fomento, Beatriz Freitas, diz que o “Programa Consolidar é o maior programa de capital de risco com investimento público e privado em Portugal, constituindo um perfeito exemplo de como o Estado e as entidades privadas podem trabalhar em conjunto para investir no capital de empresas que, sendo viáveis e tendo um potencial de crescimento, têm sido afetadas pela crise que grassa desde 2020”.

“Espero que, não apenas através do capital, mas também com a experiência de ambos os parceiros, estes 14 fundos possam impactar muito positivamente um diverso número de empresas nacionais, promovendo o emprego, a inovação e a economia nacional, enquanto dá um ímpeto à consolidação empresarial em Portugal e a ganhos de escala. Acresce ainda dar nota de que o curto prazo de tempo em que o Consolidar está a ser executado se deve ao esforço e profissionalismo das equipas do BPF”, conclui a administradora.

Dotação do Programa Consolidar duplica para 500 milhões. Banco de Fomento publicou, e depois apagou, lista de candidatos aprovados

O dinheiro proveniente dos fundos europeus tem de ser usado até 2025, caso contrário terá de ser devolvido, explicou Tiago Simões de Almeida, administrador do Banco de Fomento que liderou este processo. Não há nenhum número definido para quantas empresas é que irão ser beneficiadas.

 ‘Consolidar’ será marco na retoma, mas não pode sofrer mais atrasos, diz APCRI

A Associação Portuguesa de Capital de Risco (APCRI) considerou hoje que o programa ‘Consolidar’ será “um marco histórico” na recuperação das empresas afetadas pela pandemia e crise inflacionária, mas alerta que “não pode sofrer mais atrasos”.

“O processo de aplicação do capital do programa ‘Consolidar’ não pode sofrer mais atrasos, para recuperar o período entre o fecho das candidaturas ao programa em fevereiro e o anúncio dos resultados”, afirma o presidente da APCRI, citado num comunicado.

Segundo salienta Luís Santos Carvalho, “há muitos meses que o capital privado espera este anúncio e, para além disso, as verbas do PRR têm um prazo relativamente curto para serem aplicadas”.

“As sociedades gestoras vão fazer chegar o seu capital o mais depressa possível ao tecido empresarial, sendo que o facto de o capital privado estar alinhado com o público é um garante de que existirá sempre uma análise cuidada das empresas onde se irá investir”, refere o dirigente associativo.

Salientando que “neste programa não há dívida, nem garantias, é tudo capital firme para investir em empresas”, o presidente da APCRI nota que os resultados do programa anunciados na quinta-feira pelo Banco Português de Fomento (BPF) representarão “a entrada de pelo menos 752 milhões de capital nas PME [pequenas e médias empresas] nacionais para o relançamento dos negócios”.