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O dirigente comunista e antigo eurodeputado João Ferreira defendeu esta quinta-feira a existência de uma “ditadura do pensamento único” por parte da presidente da Comissão Europeia e uma “caça às bruxas” para limitar direitos e liberdades dos cidadãos.

Num momento como aquele que vivemos, onde a partir da União Europeia [UE] e da intervenção que ainda há dias ouvimos da presidente da Comissão Europeia [Ursula von der Leyen], se procura afirmar um discurso que é uma espécie de ditadura do pensamento único […] torna-se mais necessária uma voz comprometida com os direitos, liberdades e garantias”, considerou João Ferreira, numa apresentação, em Lisboa, de balanço da atividade dos eurodeputados do PCP.

João Ferreira — que em julho de 2021 foi substituído em Estrasburgo por João Pimenta Lopes — advogou que está a ser imposto ao nível da UE uma tentativa de “criminalizar que pensa diferente” e “difundir as teorias do inimigo externo que vive entre nós e ao qual há que está vigilante”.

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O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, já utilizou em várias ocasiões a expressão “ditadura do pensamento único”, mas para referir-se a comentários feitos publicamente contra a postura do partido em relação à invasão à Ucrânia por decisão da Rússia.

Na perspetiva do membro do Comissão Política da direção comunista Bruxelas está a levar a cabo uma “nova caça às bruxas, onde se anunciam medidas que representam uma escalada na limitação de direitos” dos cidadãos europeus — uma alusão ao discurso sobre o conflito entre a Rússia e a Ucrânia.

O eurodeputado João Pimenta Lopes partilha da opinião do seu antecessor naquelas funções, mas acrescentou que existem “distorções dos posicionamentos do PCP” em relação à guerra que são uma “tentativa de condicionamento” da intervenção do partido no plano europeu.

A pressão acrescida é reconhecida, mas o eurodeputado comunista rejeitou que tenha sucesso, uma opinião que pareceu ser partilhada pela outra eurodeputada do partido, Sandra Pereira, que acenou com a cabeça em concordância.

Mais de uma década depois, João Ferreira abandonou o Parlamento Europeu, para perseguir as ambições autárquicas, mas à distância disse compreender que “o correr do tempo com muita frequência vem lançar outra luz sobre as coisas” e desmistificar a “voz contracorrente” do PCP em Estrasburgo.

Entre 2019 (data das últimas eleições europeias) e este ano, os eurodeputados do PCP intervieram “mais de 250” vezes em plenário, apresentaram cerca de 400 questões à Comissão Europeia e ao Conselho, assim como 2.050 declarações de voto e estiveram responsáveis pelo “acompanhamento de 43 relatórios”, quatro deles como relatores, de acordo com a informação disponibilizada pelo partido.

Na apresentação do balanço, a eurodeputada Sandra Pereira também reforçou as ‘bandeiras’ do PCP em Estrasburgo, nomeadamente, a equidade salarial entre os Estados-membros e a rejeição de imposições sobre o aparelho produtivo de cada país.