A Federação Portuguesa de Tauromaquia (Prótoiro) manifestou esta quinta-feira o seu “repúdio” para com os atos intimidatórios de que foram alvo aos autarcas da Póvoa de Varzim, distrito do Porto, mas também da “tentativa de ligar a tauromaquia” a essas ameaças.

A posição da Prótoiro surge depois de na terça-feira o presidente da câmara poveira, Aires Pereira, o seu vice-presidente, Luís Diamantino, e o presidente da Assembleia Municipal, Afonso Pinhão Ferreira, terem recebido ameaças de morte através de uma mensagem em envelopes contendo balas.

O incidente aconteceu um dia depois de autarquia ter iniciado a demolição da Praça de Touros da Póvoa de Varzim para, no local, edificar um pavilhão multiusos, mas que não contempla eventos tauromáquicos.

A Prótoiro repudia veementemente as ameaças que terão sido feitas aos autarcas da Póvoa de Varzim e assim como qualquer comportamento que atente contra a vida humana. Atos desse tipo são totalmente inaceitáveis segundo os valores humanistas e democráticos da tauromaquia”, pode ler-se num comunicado emitido.

Por outro lado, o organismo também diz “repudiar qualquer tentativa de ligação da tauromaquia a estes atos de forma ligeira, resultando de processos de intenções”, lembrando que “qualquer ato criminal diz respeito somente a quem se apure que o tenha praticado”.

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Sobre a demolição da Praça de Touros para a construção do pavilhão, apelidado de Póvoa Arena, a Prótoiro considerou que a atuação da autarquia e do seu presidente “tem sido acintosa e pejada de falsidades, com inúmeras ilegalidades apontadas à câmara”.

“É um processo longe da sua conclusão e seguirá o seu caminho judicial até ao apuramento de todas as responsabilidades em tribunal, o local onde se dirimem democraticamente os diferendos entre pessoas e instituições”, diz o comunicado.

Recorde-se que a praça de touros da Póvoa de Varzim começou segunda-feira a ser demolida, depois de um interregno de dois anos devido a uma alegada providência cautelar interposta por uma associação local, a que, segundo a Câmara da Póvoa de Varzim, o tribunal não deu provimento.

As operações começaram depois de a autarquia ter esclarecido, na quinta-feira, que recebeu a informação de que a decisão do Tribunal Administrativo e Fiscal do Porto transitou em julgado, dando luz verde para que as obras para a construção de um pavilhão multiusos, que vai ser erguido no mesmo local, possam avançar.

A obra, com um custo previsto de cerca nove milhões de euros, foi anunciada em 2019, mas no ano seguinte, já depois do lançamento do concurso público para a empreitada, o processo de demolição foi travado pela Justiça, na sequência de uma ação movida pela Patripove (Associação de Defesa e Consolidação do Património Poveiro).

Essa mesma associação esclareceu, esta quinta-feira, em comunicado, que “intentou uma ação popular, a qual ainda decorre e não tem qualquer sentença proferida”, dizendo ser “mentira que exista uma decisão que já tenha decidido a ação em causa”, garantindo que “o processo está longe de estar terminado e continua em tribunal”.

A Patripove disse, ainda, que “suscitou junto do Tribunal uma série de ilegalidades referentes ao processo de decisão de demolição do edifício da Praça de Touros e da decisão referente ao projeto, financiamento e edificação do denominado Póvoa Arena”.

Apesar deste diferendo, a associação vincou que “repudia quaisquer atos ilegais e intimidatórios que tenham sido realizados, defendendo sempre a legalidade e o respeito por todos”.