O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro afirmou este sábado no seu último ato de campanha que acredita que terá pelo menos 60% dos votos nas presidenciais de domingo, apesar de todas as sondagens indicarem o contrário.

A última sondagem divulgada este sábado dá a Bolsonaro 36% dos votos válidos, contra 50% do ex-presidente Lula da Silva.

Novas sondagens põem Lula perto de vitória à primeira

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“São muitas manifestações pelo Brasil de carros, motos, vários setores da sociedade. Não tem como não termos no mínimo 60% dos votos. Espero que isso de facto aconteça”, disse, numa breve declaração aos jornalistas, antes de liderar uma comitiva de motociclistas.

Bolsonaro tomou como seu passageiro na mota o ex-ministro Tarcisio Gomes de Freitas, o candidato que apoia para o governo de São Paulo e que, de acordo com as sondagens, enfrentará uma corrida muito apertada contra Haddad para o governo regional mais importante do Brasil.

Os apoiantes de Bolsonaro reuniram-se na praça do Campo de Bagatelle, na parte norte de São Paulo, e percorreram várias ruas periféricas dessa região antes de se dirigirem ao Parque do Ibirapuera, o maior pulmão da cidade.

Uma das principais dúvidas na véspera das eleições presidenciais é a possível reação de Bolsonaro em caso de derrota, uma vez que o Presidente afirmou que só aceitará o resultado se as eleições forem “limpas e transparentes”.

O debate de quinta-feira serviu para acentuar as dúvidas sobre a sua reação.

A candidata Soraya Thronicke questionou Bolsonaro sobre se respeitará os resultados da eleição e se pretende fazer um golpe de Estado e ficou sem resposta por parte do Presidente brasileiro, que tem questionado reiteradamente o sistema de votação eletrónica que o Brasil adotou há quase três décadas e que o elegeu, por várias vezes, para a Câmara de deputados e mais recentemente para a Presidência da República.

Ainda na quinta-feira, numa das suas habituais ‘lives’ nas redes sociais, Bolsonaro chamou de “canalha” e de “sem vergonha” ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – o órgão responsável pela organização das eleições -, Alexandre de Moraes.

O Presidente brasileiro acusou ainda Moraes de ter vínculos políticos com Geraldo Alckmin, candidato a vice-presidente do antigo chefe de Estado Luiz Inácio Lula da Silva. “Alexandre, você tem todo um passado no governo Alckmin e por isso quer um presidente refém. Você abusa do poder com baixeza”, disse Bolsonaro.

Moraes foi secretário de Segurança Pública de São Paulo enquanto Alckmin era governador deste estado brasileiro. No dia anterior, em outra transmissão em direto nas redes sociais, levantou mais uma vez a sua voz contra o sistema de votação eletrónica.

“Apesar do acompanhamento das Forças Armadas”, que participam no processo eleitoral, “não pudemos deixar a possibilidade de fraude a zero”, disse Bolsonaro. A acrescentar, umas das frases que marcaram a campanha, proferida dia 18 de setembro, o chefe de Estado brasileiro afirmou que se não obtivesse 60% dos votos, “algo de anormal aconteceu dentro do TSE”, levantando mais uma vez suspeitas de que poderá estar a criar o cenário para ‘uma invasão do Capitólio’, como aconteceu nos Estados Unidos.

Às presidenciais brasileiras concorrem 11 candidatos: Jair Bolsonaro, Luiz Inácio Lula da Silva, Ciro Gomes, Simone Tebet, Luís Felipe D’Ávila, Soraya Tronicke, Eymael, Padre Kelmon, Leonardo Pericles, Sofia Manzano e Vera Lúcia.

Caso nenhum dos candidatos ultrapasse 50% no domingo, os dois mais votados, que devem ser Lula da Silva e Jair Bolsonaro, voltam a enfrentar-se numa segunda volta em 30 de outubro.