Logo à cabeça, uma das maiores rivalidades de Inglaterra tendo em conta a proximidade geográfica na zona do norte de Londres. Depois, o atual momento dos dois conjuntos que colocava a liderança em discussão (o Arsenal com seis vitórias em sete jogos e 18 pontos, o Tottenham com cinco vitórias e dois empates e 17 pontos). Por fim, aquilo que se passou na última época, quando os gunners já andavam a experimentar o seu melhor fato para o regresso à Champions mas acabaram por ser os spurs colocarem a nu todas as fragilidades de uma equipa que voltou a falhar o assalto aos quatro primeiros lugares. Mais ingredientes para o regresso da Premier League não poderiam existir e as atenções estavam no Emirates.

Era o Escolhido, pediram a sua cabeça, voltam a sonhar com a coroa: até onde pode ir Arteta com este Arsenal

“Se aprendemos com esse desaire frente ao Tottenham? Sim. O contexto agora é diferente, podemos ir para jogo com muitas circunstâncias diferentes a nível de jogadores que podiam estar ou não disponíveis para esse encontro. Tirámos lições, seguimos em frente”, destacara Mikel Arteta, espanhol que tem andado num carrossel de emoções e estados desde que trocou o papel de número 2 de Pep Guardiola pelo desempenho como número 1 de um Arsenal que voltou a acreditar e que chegava com um triunfo frente ao Brentford resolvido cedo que estancou a única derrota da época até ao momento em Old Trafford.

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Se o espanhol voltou a cair nas graças dos adeptos londrinos, Antonio Conte prolongou esse estado mesmo na condição crónica do Tottenham andar afastado há muito dos títulos. Mudou o sistema tático, deu uma outra profundidade ao plantel, aumentou e muito a competitividade da equipa nos jogos. Em condições normais, os spurs não tinham empatado com o Chelsea em Stamford Bridge nos descontos e dificilmente tinham chegado ao triunfo diante do Wolves num jogo com aquelas características. Tudo isso aconteceu, com a derrota por 2-0 em Alvalade para a Champions a ser a única partida aquém do esperado.

Mas, tratando-se de um dérbi daqueles que o italiano gosta (e que esta temporada já provocou excessos, como aconteceu naquele aperto de mão/encosto de cabeças com Thomas Tuchel que reinará no top das redes sociais em 2022), também a conversa antes do encontro abordou outro lado não ligado de forma direta a este jogo. “Se vi o documentário All or Nothing do Arsenal? Para ser honesto, não acabei de ver ainda mas vou acabar no futuro, de certeza”, começou por dizer. “Fiz o mesmo com o Tottenham, o City e a Juventus porque sou curioso para perceber como lidam com as situações como treinadores. É mesmo muito interessante e positivo, mostrar o que se passa nos bastidores para as pessoas”, destacou.

– Então e não viu o último episódio, quando jogam com o Tottenham?
– Esse episódio eu vi… [risos]

O tal episódio dizia respeito ao 3-0 do Tottenham em casa na última temporada que desviou o Arsenal da rota da Liga dos Campeões. Para uns, jogava-se pela confirmação desse resultado; para outros, jogava-se pela vingança desse resultado. Ambos procuravam o resultado que valesse a liderança da prova, sendo que há 15 anos que não existia um dérbi de Londres entre ambos com uma das equipas na frente.

Com Thierry nas bancadas e muitas camisolas ainda com o patrocínio da JVC quase que a chamar aqueles tempos em que o Arsenal era um verdadeiro candidato ao título, foi a equipa da casa a entrar melhor no jogo, a ter aproximações com perigo à baliza de Lloris e a inaugurar o marcador num grande golo de Thomas Partey de fora da área ao ângulo (20′). Com Odegaard de regresso à equipa, o futebol envolvente dos visitados continuava a deixar o Tottenham remetido lá atrás até aparecer a eficácia conhecida da formação de Conte, a ganhar um penálti por Richarlison convertido por Harry Kane (31′) e a ter depois boas fases em que equilibrou a partida e provocou a incerteza que os gunners não tinham ainda vivido.

Saka continuava a desequilibrar, Thomas Partey tomava conta do meio-campo, Gabriel Jesus apareceu e decidiu. Logo no arranque do segundo tempo, e na sequência de uma defesa incompleta de Lloris, foi o avançado brasileiro a conseguir enganar Romero no posicionamento para encostar para o 2-1 que viria a ter um peso evidente no que se seguiria (49′): Emerson foi expulso com vermelho direto por uma entrada sem sentido sobre Martinelli (62′), Xhaka aumentou para 3-1 no seguimento de uma grande jogada de Martinelli de fora para dentro (67′). Antonio Conte ainda mexeu na equipa mais para equilibrar do que propriamente para tentar o empate mas foi o Arsenal a dominar até ao final para a liderança.