Samuel Costa, diretor desportivo da equipa feminina do Famalicão, foi alvo de denúncias de assédio sexual a jogadoras, num caso que levou a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) a instaurar um processo disciplinar. O Observador teve acesso a uma das mensagens enviadas por Samuel Costa que levaram à apresentação de uma denúncia.

A troca de mensagens escritas através da rede social Facebook remonta à época desportiva 2020/21, quando Samuel Costa estava a desempenhar funções no V. Guimarães e antes de rumar ao Valadares Gaia e depois ao Famalicão, onde está atualmente. Ao que o Observador conseguiu apurar, o diretor desportivo estava a falar com uma jogadora sobre uma outra atleta do plantel, referindo a intenção de “fazer-lhe muito sexo oral” . “Só penso numa coisa quando a vejo”, acrescentou. Na imagem, é possível ver o nome e a fotografia de Samuel Costa enquanto remetente das mensagens, a partir da sua conta oficial na rede social, sendo que as jogadoras envolvidas no caso não querem ser identificadas.

Futebol feminino. Treinador do Famalicão acusado de assédio sexual por jogadoras

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Confrontado pelo Observador, negou todas as acusações. “Vou-me defender. Nunca assediei ninguém. Vou-me defender até às últimas consequências”, disse. De recordar que, esta quinta-feira e quando o jornal Público revelou as primeiras alegações relativamente a Miguel Afonso, treinador do Famalicão, Samuel Costa desvalorizou a situação. “Houve umas empresárias de jogadoras que me deram conhecimento de um boato, sem qualquer tipo de prova. Ligaram-me com insistência na semana em que o treinador foi contratado para que fosse despedido. Questionámos o técnico, naturalmente, e ele garantiu-nos que era tudo mentira. Nós acreditámos”, disse o diretor desportivo ao jornal sobre as acusações feitas a Miguel Afonso sobre o período que passou no Rio Ave.

Sobre este capítulo, o Observador sabe que Samuel Costa já tinha conhecimento das alegações de assédio sexual feitas a Miguel Afonso enquanto o treinador orientava o Rio Ave meses antes de este rumar o Famalicão. Ou seja, não só não foi simplesmente informado por “empresárias de jogadoras”, como referiu, como já sabia da existência dos casos antes da tal semana em que o técnico foi contratado.

Diretor desportivo do Famalicão denunciado por assédio sexual. Samuel Costa nega e promete defender-se “até às últimas consequências”

Já esta sexta-feira, Miguel Afonso, o treinador da equipa feminina do clube, foi suspenso pelo próprio Famalicão e também pela FPF, que instaurou um processo disciplinar urgente. Em causa estão acusações de assédio sexual, também via mensagens de texto e áudio enviadas a jogadoras, quando o técnico estava ao serviço do Rio Ave.

Várias jogadoras da equipa de futebol feminino sénior do Rio Ave, com idades entre os 18 e os 20 anos, acusam o seu antigo treinador, Miguel Afonso, de assédio sexual, revelou o jornal Público esta quinta-feira. O técnico, que orienta agora a equipa feminina do Famalicão, reagiu descrevendo as acusações como um “esquema” de que se irá “defender”.

Segundo o Público, que diz ter tido acesso a várias mensagens escritas e de voz trocadas entre as atletas e o treinador, Miguel Afonso enviou várias mensagens de teor impróprio às jogadoras. Chegou a ser confrontado por pessoas próximas das atletas. Num dos casos, a jogadora diz que foi “afastada” como retaliação. No outro, o treinador terá respondido ao namorado de uma das vítimas que tudo não passava de uma “brincadeira”.

“És muito envergonhada. Surpreende-me”. Reveladas alegadas mensagens enviadas por treinador acusado de assédio

Já esta sexta-feira, antigas jogadoras do Rio Ave e de outros clubes enviaram à Federação Portuguesa de Futebol — que já tinha instaurado um inquérito — uma queixa anónima e conjunta contra Miguel Afonso. De acordo com a CNN Portugal, a denúncia inclui provas de assédio sexual e ainda evidências de que o Famalicão foi informado sobre as acusações no dia em que anunciou a contratação do treinador.

Também esta sexta-feira, a FPF anunciou a criação de uma equipa especial, inserida no Conselho de Disciplina, para se dedicar com urgência à investigação dos processos instaurados na sequência de denúncias de assédio.

FPF cria equipa especial para investigar “com urgência” denúncias de assédio sexual