Milhares de pessoas manifestaram-se este domingo em Paris para condenar a repressão no Irão aos protestos desencadeados pela morte de Mahsa Amini, que tinha sido detida pela polícia moral.

De acordo com a Agência France Presse (AFP), os manifestantes desfilaram da Praça da República à Praça da Nação, percurso habitual dos grandes protestos em Paris, gritando frases como “Juntem-se à primeira revolução feminista” e “Mahsa Amini, o teu nome abalou a tirania dos aiatolas”, apesar da chuva forte que caía na capital francesa.

“Morte à república islâmica”, “Morte ao ditador” e “Mulher. Vida. Libedade”, o código das manifestações no Irão, também foram expressões entoadas pelos manifestantes.

O Irão foi abalado por uma vaga de protestos após a morte de Masha Amini, de 22 anos, em 16 de setembro, três dias após ter sido detida pela polícia moral por ter infringido o estrito código sobre o uso de vestuário feminino previsto nas leis da República islâmica, em particular o uso do véu.

A sua família disse que Amini foi espancada até à morte durante a detenção. A polícia referiu que a jovem morreu de ataque cardíaco e negou ter exercido violência, enquanto autoridades oficiais anunciaram que o incidente estava sob investigação.

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“Pela primeira vez, as mulheres estão a ‘levantar-se’ e são acompanhadas por homens. Este é o momento de tentar mudar as coisas. Eles saem, mas não são mortos. Temos a sorte de nos podermos manifestar e lutar por eles”, afirmou Guilda Torabi, estudante de origem iraniana, à AFP na manifestação de Paris.

O franco-iraniano Toura Dana denunciou que “o Irão tornou-se uma prisão”. “A internet está cortada e agora somos a voz dos iranianos”, afirmou à AFP.

Pelo menos 92 pessoas foram mortas no Irão desde que os protestos começaram há duas semanas, disse hoje a organização não-governamental Iran Human Rights (IHR).

A organização com sede na Noruega disse também que além dos protestos relacionados com Amini, as forças de segurança iranianas mataram 41 pessoas na sexta-feira, em Zahedan, uma cidade da província sudeste de Sistão-Baluchistão.

Os protestos estenderam-se já a mais de 80 cidades iranianas. A morte da jovem motivou também manifestações de protesto em muitos outros países, incluindo Portugal.