A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, alertou esta segunda-feira para o aumento dos “fenómenos de exclusão e pobreza” na Madeira e criticou o executivo regional (PSD/CDS-PP) por não encontrar respostas sociais adequadas.

“A região da Madeira está atrasada e é muito difícil compreender que o Governo Regional fale todos os dias dos milhões do PRR [Plano de Recuperação e Resiliência] e seja tão difícil encontrar respostas sociais qualificadas para as pessoas que estão na situação mais vulnerável”, disse.

Catarina Martins falava durante uma visita a uma residência gerida pelo Centro de Apoio ao Sem-Abrigo (CASA), no Funchal, no âmbito de um projeto designado Co-Abrigo, que acolhe quatro pessoas que viviam na rua tendo em vista a sua reinserção social.

A coordenadora do Bloco de Esquerda considerou que a região autónoma “está atrasada” no apoio à população sem-abrigo, nomeadamente ao nível das respostas previstas na estratégia nacional, como o projeto “casa primeiro”.

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“Não há razão nenhuma para a Madeira não começar nos projetos que são fundamentais para retirar as pessoas da rua e para lhes permitir recompor a sua vida, ter um emprego, ter a sua casa”, declarou, realçando a importância e o caráter inovador da iniciativa Co-Abrigo.

Para além do apoio à população sem-abrigo, a associação CASA presta também ajuda a 441 famílias carenciadas na região autónoma, das quais 332 (cerca de 1.300 pessoas) residem no Funchal, fornecendo-lhe um cabaz alimentar por mês.

“A alimentação em Portugal subiu bem acima da inflação”, disse Catarina Martins, sublinhando que os preços na Madeira são ainda mais elevados devido aos custos da ultraperiferia e da insularidade.

“É fundamental que haja respostas não só de controlo dos bens alimentares, mas também de respostas de reforço do apoio social a quem precisa e de melhoria de salários”, reforçou.

A líder bloquista disse, por outro lado, ser “difícil de explicar” que, numa região onde os setores do turismo, da hotelaria e da restauração estão a recuperar dos prejuízos da crise pandémica, os salários permaneçam baixos.

Do mesmo modo que quando foi preciso haver apoios públicos às empresas do turismo, da hotelaria, da restauração para aguentarem a pandemia, agora é também o momento, se a situação está melhor, de aumentar salários, porque na Madeira os salários são mesmo muito baixo”, disse.

E acentuou: “É difícil explicar que o turismo recupere, que a hotelaria recupere e que os salários, esses, nunca recuperem.”

Catarina Martins considerou também que o facto de o consumo de drogas sintéticas ser mais elevando na Madeira, estando associado ao aumento de situações de sem-abrigo, resulta em parte da “vulnerabilidade social” que afeta a população.

“Isso tem a ver com o facto de vivermos numa região que é tão desigual, com tantos fenómenos de exclusão, com tantos fenómenos de pobreza”, disse.

A coordenadora do BE alertou, por outro lado, para a necessidade de as autoridades manterem sempre atualizado o “rol das substâncias ilegais” e de reforçarem o combate ao tráfico.