A clínica Camelback Family Planning, na cidade americana de Phoenix, criou uma solução para contornar a proibição do aborto no Estado do Arizona: a partir desta segunda-feira, as pacientes podem fazer um ultrassom nesta clínica, obtendo depois a receita para a medicação que permite interromper voluntariamente a gravidez numa teleconsulta, à distância, com um médico da Califórnia. Esta é posteriormente enviada para uma cidade californiana, que faça fronteira com o Arizona, onde a paciente deverá ir buscá-la aos correios.

Tudo isto, diz o jornal The Washington Post, poderá ser gratuito — a Abortion Fund of Arizona cobre os custos da medicação nos casos das mulheres que não têm como suportá-los.

O novo esquema da Camelback Family Planning é possível desde que a Food and Drug Administration (FDA) removeu permanentemente as regras que exigiam que esta medicação só fosse fornecida às mulheres após consultas presenciais — sendo, agora, permitido que, através de teleconsultas, seja dado o acesso aos comprimidos.

No entanto, a lei do Arizona não autorizou esta prática — e é por isso necessária a viagem às cidades fronteiriças dos estados vizinhos.

Como resultado, as clínicas desta cidade estabeleceram acordos com outras, de outros Estados — neste caso, no Novo México e na Califórnia — de forma a que as mulheres pudessem receber a medicação para interromper a gravidez ou a cirurgia, no caso de gestações com tempo superior a 12 semanas.

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As organizações do Arizona têm feito vários esforços para contornar as consequências decorrentes das leis anti-aborto ali estabelecidas.

A Planned Parenthood Arizona, por exemplo, assume os custos da interrupção da gravidez, caso a paciente não tenha condições financeiras, providenciando-lhe todos os cuidados necessários — ajuda com as despesas adicionais (viagem, hospedagem) e com outras necessidades.

Antes de este processo ser iniciado, uma equipa conversa com as pacientes grávidas, informando-as sobre as opções que têm — incluindo manter o bebé, colocá-lo para adoção ou explicar-lhe como podem aceder à interrupção voluntária da gravidez naquele Estado que o proíbe.

A 24 de setembro, um tribunal do Arizona decidiu a favor do Governo e proibiu o aborto em quase todos os casos (só permite quando a mulher está em perigo de vida) . Este foi só um dos Estados que restabeleceu ou aprovou as leis anti-aborto, na sequência de o Supremo Tribunal dos Estados Unidos ter revogado a lei Roe v. Wade que, na década de 70, concedeu às mulheres o direito de abortar.