A diretora regional de Cultura do Centro, Suzana Menezes, defendeu esta terça-feira a importância de projetos que promovam a sensibilização e consciencialização social para a desigualdade de género, que disse ainda ser “muito pesada” na cultura e na arte.

“A verdade é que estes tempos são ainda tempos de desigualdade de género, numa realidade que também no setor da cultura e da arte é ainda muito pesada. Basta um olhar um bocadinho mais atento para percebermos essa desigualdade, seja nas coleções que os museus têm e nas exposições que as entidades públicas e privadas promovem, seja na representação artística em festivais de música ou de cinema, seja na quantidade de livros que são editados”, apontou.

Durante a apresentação da programação cultural em rede “Coimbra Região de Cultura 2.0 — Mulheres e Lugares”, que decorreu no Café Santa Cruz, em Coimbra, Suzana Menezes sublinhou a importância de se desenvolverem projetos que promovam a sensibilização e a consciencialização social para a desigualdade de género, no setor da cultura e da arte.

“Esta sensibilização é tão mais importante quando sabemos que, em alguns casos, a discriminação no mundo da cultura e da arte não é sequer resultado de um ato consciente e programado. É antes reflexo de um paradigma social ou de um modelo societal que se encontra profundamente enraizado e que temos todos nós que combater, questionar e tentar alterar”, acrescentou.

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No seu entender, há ainda todo um caminho a fazer para se conseguir, também na cultura e na arte, alcançar a igualdade de género.

“Por isso, reforço, projetos que coloquem na agenda social e política a importância da mulher enquanto produtora e criadora, mas também enquanto zeladora e ativa participante na área da cultura, projetos que lutem contra um ainda muito presente apagamento da mulher do espaço público são, do meu ponto de vista, absolutamente estruturantes para um caminho que ainda temos de fazer para essa tão desejada igualdade de género”, sustentou.

Nesta ocasião, o vice-presidente da Comunidade Intermunicipal (CIM) Região Coimbra Raul Almeida evidenciou a intermunicipalidade do projeto “Coimbra Região de Cultura 2.0 — Mulheres e Lugares”, que permite levar cultura a todos os municípios.

“Os municípios mais pequenos não conseguiam ter alguns destes espetáculos se não fosse esta intermunicipalidade”, alegou.

A programação cultural em rede “Coimbra Região de Cultura 2.0 — Mulheres e Lugares” vai levar, de 21 de outubro a 17 de dezembro, um concerto do Coro dos Antigos Orfeonistas da Universidade de Coimbra a cada um dos 19 concelhos que compõem a CIM Região de Coimbra.

De acordo com Paulo Almeida, do Coro dos Antigos Orfeonistas da Universidade de Coimbra, constituído apenas por homens, estes 19 espetáculos têm a particularidade de vincar a importância da mulher.

“Em cada momento da nossa atuação, cada município irá homenagear uma personalidade feminina que entenda. Desenhámos um modelo de atuação, de cerca de uma hora, onde teremos oportunidade de fazer passagem pela generalidade das culturas, com temas de vários países e alguns mais específicos de expressão portuguesa, e uma área dedicada à canção e fado de Coimbra”, informou.

O projeto “Coimbra Região de Cultura 2.0 — Mulheres e Lugares”, financiado pelo Centro 2020, tem como fio condutor as mulheres históricas e lendárias que estão ligadas à cultura e património material e imaterial da Região de Coimbra.

Integram a CIM da Região de Coimbra os municípios de Arganil, Cantanhede, Coimbra, Condeixa-a-Nova, Figueira da Foz, Góis, Lousã, Mira, Miranda do Corvo, Montemor-o-Velho, Oliveira do Hospital, Pampilhosa da Serra, Penacova, Penela, Soure, Tábua e Vila Nova de Poiares, do distrito de Coimbra, e Mealhada e Mortágua, dos distritos de Aveiro e de Viseu, respetivamente.