Práticas continuadas de abuso verbal, abuso emocional e má conduta sexual por parte de treinadores da Liga Nacional de Futebol Feminino dos Estados Unidos. São estas as principais conclusões do relatório de investigação encomendado pela Federação daquele país e divulgado esta segunda-feira.
Citado pelo The New York Times, o documento, com dados recolhidos ao longo de um ano, alerta também para abusos no futebol juvenil. “A nossa investigação revelou uma liga em que os abusos e condutas impróprias — abuso verbal e emocional e má conduta sexual — se tornaram sistémicos, abrangendo várias equipas, treinadores e vítimas”, escreve Sally Q. Yates, a investigadora principal, no resumo do relatório.
“O abuso na Liga Nacional de Futebol Feminino dos Estados Unidos está enraizado numa cultura mais profunda, a começar nas ligas juvenis, que normaliza verbalmente o treino abusivo e desfoca as fronteiras entre treinadores e jogadores”, pode ler-se também.
Entre os casos identificados, e dados como exemplos destas práticas, estão o de um treinador que convidou uma jogadora para sua casa para rever o filme do jogo e que, em vez disso, mostrou-lhe pornografia e masturbou-se à sua frente.
Um segundo treinador falava reiteradamente com as jovens atletas que orientava sobre as suas vidas sexuais. Outro treinador terá mesmo coagido várias jogadoras para manterem relações sexuais com ele.
A investigadora Sally Q. Yates refere que as equipas, a Liga e a Federação “não só não responderam de forma adequada quando confrontadas com relatórios de jogadoras e as provas de abuso, como também não foram instituídas medidas básicas para prevenir e resolver isso”.
Yates acrescenta que “os treinadores abusivos passaram de equipa para equipa, encobertos por comunicados de imprensa agradecendo-lhes o seu serviço”, enquanto era mantida uma cultura de silêncio.