“Um jogo lendário”, escrevia o Ajax. Mais do que isso, um jogo para recordar duas lendas que mudaram o futebol de formas diferentes pela forma como pensavam, jogavam e brilhavam com uma bola. De um lado, Johan Cruyff, do outro Diego Armando Maradona. Dois génios que fizeram em grande parte o que é hoje a equipa neerlandesa e o Nápoles. Um grande encontro de homenagem numa era onde há espaço para os heróis improváveis como Remko Pasveer, guarda-redes de 38 anos que chegou à seleção.

A antecâmara da partida foi marcada pelas reportagens à volta do improvável nome que ocupa agora a baliza do conjunto de Amesterdão. Antes, Pasveer jogou no Twente, no Heracles, no Go Ahead Eagles, no PSV e no Vitesse, chegando ao Ajax em 2021 com a única missão de ser um terceiro guarda-redes para ajudar os indiscutíveis Onana e Maarten Stekelenburg. Quis o destino que tudo mudasse no início da última temporada, quando ambos ficaram lesionados e Pasveer estreou-se na Champions no José Alvalade com um golo muito consentido na goleada ao Sporting. Mesmo assim, continuou como aposta.

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Foi contra outra equipa portuguesa, neste caso o Benfica, que teve uma lesão e consequente saída das opções iniciais, quando se lesionou num dedo no jogo da Luz durante o aquecimento, ainda fez esse jogo em Lisboa (2-2) mas ficou depois de fora por ter feito uma fratura. Quando recuperou, voltou ao posto de número 1, foi chamado por Louis van Gaal pela primeira vez à seleção quando tinha 38 anos e corre agora na frente para ser a opção inicial dos Países Baixos no Campeonato do Mundo. Melhor era impossível. No entanto, dificilmente poderia ter um encontro mais difícil do que contra o Nápoles.

Naquele que foi um dos grandes resultados da noite, o Ajax até começou na frente com mais um golo de Kudus, quase a levar com a bola na pequena área e a desviar a mesma para a baliza (9′). Os neerlandeses estavam em vantagem, o Nápoles conseguiria a reviravolta ainda antes do intervalo com Raspadori (18′), Di Lorenzo (33′) e Zielisnki (45′) a virarem por completo as contas a favor dos líderes da Serie A. E a história não ficaria por aí: quando se pensava que os visitados teriam ainda uma palavra a dizer para evitarem a derrota, os transalpinos continuaram com o pé no acelerador e conseguiram a terceira goleada nesta fase de grupos, chegando ao 6-1 final por Raspadori (47′), Khvicha Kvaratskhelia (63′) e Simeone (81′) já depois dos triunfos frente ao Liverpool (4-1) e ao Rangers (3-0) nas duas rondas iniciais.

No outro jogo do grupo, o Liverpool assumiu a segunda posição com uma vitória por 2-0 diante do Rangers que espantou por alguns dias a crise de resultados que se mantém na Premier League. E os golos acabaram por surgir dos pés dos dois jogadores que têm sido mais criticados nesta fase, com Alexander-Arnold a marcar de livre direto após duas semanas de reparos pelas alegadas fragilidades defensivas que levaram mesmo a que saísse da seleção e Mo Salah, com um mau início de época, a converter um penálti.