Marina Ovsyannikova, a jornalista que interrompeu o telejornal do canal 1 russo para protestar contra a guerra, em março passado, confirmou que fugiu da prisão domiciliária em que se encontrava desde agosto.

Numa mensagem partilhada esta quarta-feira na rede social Telegram, Ovsyannikova disse que, uma vez que o Estado russo se recusa a aplica a Lei, que ela se recusa a cumprir a medida de coação que lhe foi aplicada e a permanecer em prisão domiciliária a partir de 30 de setembro, “libertando-se”.

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“Caros funcionários do serviço federal prisional [russo], ponham uma pulseira [eletrónica] semelhante no Putin. É ele que deve ser isolado da sociedade e julgado pelo genocídio das pessoas da Ucrânia e pelo facto de ter destruído de forma massiva a população masculina da Rússia”, disse Ovsyannikova num vídeo divulgado também no Telegram, de acordo com a NEXTA.

No sábado, o ex-marido da jornalista disse em entrevista à televisão estatal russa que Ovsyannikova, que aguardava julgamento, tinha desaparecido da casa que o tribunal tinha designado para cumprir a prisão domiciliária com a filha de ambos, de 11 anos. Dois dias depois, o Ministério do Interior russo divulgou que tinha acrescentado o nome da jornalista à lista de indivíduos procurados pelas autoridades.

Marina Ovsyannikova, de 44 anos, ficou conhecida após ter interrompido o telejornal do canal 1 russo segurando um cartaz que apelava ao fim da guerra e acusando os órgãos de comunicação de estarem a “mentir”, difundido a propaganda de Moscovo. A jornalista encontrava-se em prisão domiciliária desde agosto, quando foi acusada de difundir informações falsas sobre o Exército russo após ter exibido, em frente ao Kremlin, um cartaz acusando Vladimir Putin de ser “um assassino” e de os “seus soldados” serem “fascistas”.

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Ovsyannikova, que trabalhava no canal 1, foi despedida e condenada a pagar uma multa de cerca de 520 euros. A jornalista abandonou na altura o país, mas regressou no verão por causa da filha. Numa entrevista à AFP, disse na altura que só estaria descansada quando pudesse sair da Rússia com ela.