Marina Ovsyannikova, a jornalista que interrompeu o telejornal do canal 1 russo para protestar contra a guerra, em março passado, confirmou que fugiu da prisão domiciliária em que se encontrava desde agosto.
Numa mensagem partilhada esta quarta-feira na rede social Telegram, Ovsyannikova disse que, uma vez que o Estado russo se recusa a aplica a Lei, que ela se recusa a cumprir a medida de coação que lhe foi aplicada e a permanecer em prisão domiciliária a partir de 30 de setembro, “libertando-se”.
“Caros funcionários do serviço federal prisional [russo], ponham uma pulseira [eletrónica] semelhante no Putin. É ele que deve ser isolado da sociedade e julgado pelo genocídio das pessoas da Ucrânia e pelo facto de ter destruído de forma massiva a população masculina da Rússia”, disse Ovsyannikova num vídeo divulgado também no Telegram, de acordo com a NEXTA.
"Dear employees of the Federal Penitentiary Service, put such a bracelet on Putin. It is he who must be isolated from society and tried for the genocide of the people of Ukraine and for the fact that he massively destroys the male population of Russia," said Marina Ovsyannikova. pic.twitter.com/tZTQpUAD5m
— NEXTA (@nexta_tv) October 5, 2022
No sábado, o ex-marido da jornalista disse em entrevista à televisão estatal russa que Ovsyannikova, que aguardava julgamento, tinha desaparecido da casa que o tribunal tinha designado para cumprir a prisão domiciliária com a filha de ambos, de 11 anos. Dois dias depois, o Ministério do Interior russo divulgou que tinha acrescentado o nome da jornalista à lista de indivíduos procurados pelas autoridades.
Marina Ovsyannikova, de 44 anos, ficou conhecida após ter interrompido o telejornal do canal 1 russo segurando um cartaz que apelava ao fim da guerra e acusando os órgãos de comunicação de estarem a “mentir”, difundido a propaganda de Moscovo. A jornalista encontrava-se em prisão domiciliária desde agosto, quando foi acusada de difundir informações falsas sobre o Exército russo após ter exibido, em frente ao Kremlin, um cartaz acusando Vladimir Putin de ser “um assassino” e de os “seus soldados” serem “fascistas”.
Jornalista interrompe noticiário russo com cartaz contra a guerra: “Não acreditem na propaganda”
Ovsyannikova, que trabalhava no canal 1, foi despedida e condenada a pagar uma multa de cerca de 520 euros. A jornalista abandonou na altura o país, mas regressou no verão por causa da filha. Numa entrevista à AFP, disse na altura que só estaria descansada quando pudesse sair da Rússia com ela.