Olaf Scholz admite que “os preços elevados” no setor da energia “são um grande desafio para todos os membros da União Europeia” e que é necessário dar resposta aos problemas por eles gerados. Em entrevista ao El País a propósito dos dez meses de mandato, o chanceler alemão, fazendo eco do discurso de Ursula von der Leyen esta quarta-feira, no Parlamento Europeu, afirmou que a UE quer desenvolver um esforço comum e coordenado e que, “quando se acumulam lucros excessivos, há que cortá-los e utilizar o dinheiro para baixar os preços da energia”.

Abordando a proposta de construção do gasoduto MidCat através dos Pirenéus, que foi bloqueada por França, Scholz defendeu que a “União Europeia deve estar mais interligada em termos de abastecimento de energia, não só em situações extremas, mas também para o abastecimento de energias renováveis. Em particular, a ligação da Península Ibérica à rede europeia de gasodutos seria um passo importante para todos, razão pela qual apoio a construção do MidCat”.

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Questionado sobre as medidas tomadas pelo governo alemão para fazer frente à crise energética, Scholz esclareceu que foram pronta e decisivamente tomadas medidas para que a Alemanha seja capaz de passar o inverno sem dificuldades, nomeadamente através da construção de novos terminais de gás natural liquefeito no norte, da realização de contratos de fornecimento com “novos parceiros” e do abastecimento das “instalações de armazenamento de gás natural” no país.

O chanceler destacou ainda a aprovação de “amplos pacotes de ajuda” de quase 100 mil milhões de euros “que aliviarão a carga dos cidadãos e das empresas” e do investimento de “até 200 mil milhões de euros para que os preços da energia na Alemanha sejam acessíveis a todos. Ninguém ficará sozinho nesta situação. É essa a nossa intenção”, declarou.

Relativamente à dependência da Alemanha do gás russo, Scholz disse que o erro do país “não foi tanto fazer contratos de fornecimento” de gás natural com a Rússia”, mas antes “não criar a infraestrutura necessária ou não construir terminais de GNL [gás natural liquefeito] para poder mudar de fornecedor de um dia para o outro”.

Durante a entrevista, o chanceler alemão abordou ainda a questão da guerra na Ucrânia, reiterando que a Alemanha continuará a apoiar os ucranianos enquanto for necessário. Lembrando que “o governo alemão quebrou um tabu ao enviar pela primeira vez” carros de combate de fabrico alemão  em grande número para “uma zona de guerra”, Scholz adiantou que estas armas “têm-se mostrado especialmente eficazes neste momento da ofensiva do exército ucraniano. Estamos a coordenar e a monitorizar de perto a situação com os nossos parceiros”.