A líder do partido de extrema-direita Irmãos de Itália (FdI), Giorgia Meloni, negou esta quinta-feira ter entrado em conflito com o primeiro-ministro cessante sobre o Plano Nacional de Recuperação e Resiliência (NRRP) pós-covid para o país.

Na quarta-feira, Meloni, que vai suceder a Mario Draghi, depois de a coligação FdI ter vencido as eleições legislativas em setembro, sublinhou existirem claros atrasos no NRRP, financiado em cerca de 200 mil milhões de euros por subvenções e empréstimos a juros baixos da União Europeia (EU).

Draghi argumentou que a UE não teria aprovado os pagamentos das parcelas de financiamento atribuídas até à data se houvesse atrasos.

Não me parece que tenha havido um confronto”, disse Meloni, à entrada para reuniões de preparação da sua equipa governamental.

A futura líder do Governo italiano acrescentou que “o Governo escreve no NADEF (plano económico) que irá gastar 21 mil milhões de euros dos 29,4 milhões” previstos até ao final do ano.

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“Por isso dizemos, num espírito construtivo, que devemos fazer ainda melhor”, vincou.

Fontes da Comissão Europeia confirmaram que o NRRP italiano estava dentro do calendário previsto, tal como provado pela recente libertação da segunda parcela dos fundos da UE para o plano.

Draghi frisou esta quinta-feira no Parlamento que houve resultados “significativos” na implementação do NRRP, com a Itália a cumprir todos os seus objetivos do primeiro semestre.

A Itália receberá em breve da UE mais 21 mil milhões de euros, acrescentou, salientando que a implementação está agora “a avançar mais rapidamente do que os calendários originais”.

Draghi explicou que “o fim da legislatura exigiu um esforço extra”, para garantir que, após as eleições, se pudesse “recomeçar a partir da posição mais avançada possível”.

Na quarta-feira à noite Meloni disse, após a primeira reunião pós-eleitoral do executivo nacional da FdI, que havia claros atrasos na implementação do NRRP que seriam imputados ao seu Governo por aqueles que os tinham causado.

Herdamos uma situação difícil: os atrasos no NRRP são evidentes e difíceis de compensar e estamos conscientes de que será um fracasso que não nos caberá a nós, mas que nos será atribuído também por aqueles que o determinaram”, frisou Meloni.

Draghi disse estar confiante de que a administração de Meloni iria promulgar o plano com a mesma eficácia que a sua equipa, sublinhando que não houve “atrasos” na sua promulgação.

O Governo adotou todas as medidas necessárias para favorecer uma implementação eficaz do plano. Agora, cabe ao próximo Governo continuar o trabalho de implementação, e estou certo de que este será levado a cabo com a mesma força e eficácia”, referiu Mario Draghi.

Draghi acentuou que o desafio que Meloni enfrenta será a implementação de um novo capítulo do NRRP para fazer face à crise energética.