Michel Temer já não vai apoiar oficialmente Jair Bolsonaro. Informações recentes davam conta de que o ex-chefe de Estado brasileiro ia apoiar o atual Presidente e candidato na segunda volta das eleições, marcadas para dia 30 de outubro. Mas, numa nota oficial, Temer fez saber que não será o caso.

De acordo com a Globo, na origem desta decisão deverá estar a pressão da família de Temer, em particular das filhas, que têm políticas progressistas e terão manifestado o seu desagrado com o encontro que o pai teria no fim de semana para declarar apoio a Bolsonaro. Luciana Temer, por exemplo, exerceu funções durante o mandato de Fernando Haddad, do PT, como governador de São Paulo. Haddad foi candidato às eleições de 2018, perdendo para Bolsonaro.

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Numa nota oficial publicada esta quinta-feira, Temer refere que apoiará o candidato que faça “defender a democracia, cumprir rigorosamente a Constituição” e “promover a pacificação” do país.

O ex-Presidente fez, no entanto, um gesto na direção de Bolsonaro, ao afirmar que o candidato que apoia deve procurar “manter as reformas já realizadas no meu governo e propor ao Congresso Nacional as reformas que já estão na agenda do país” — algo de significativo, uma vez que Lula da Silva já defendeu o fim do teto orçamental imposto no governo de Temer, bem como o fim da suspensão das reformas trabalhistas, decretadas no seu executivo.

O apoio do antigo chefe de Estado tem flutuado ao longo da campanha. Se num passado recente deu sinais de uma aproximação com a campanha de Lula da Silva, as relações arrefeceram quando este acusou o governo de Temer de ser “golpista” — Temer, do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), foi Presidente do Brasil entre 2016 e 2018, tendo subido ao cargo na sequência do impeachment de Dilma Rousseff, de quem foi vice-presidente entre 2011 e 2016.

Anteriormente, Lula tinha elogiado o ex-Presidente. Numa entrevista televisiva em agosto, o candidato recordou como positiva a passagem de Temer na presidência da Câmara dos Deputados durante a presidência de Fernando Henrique Cardoso (entre 1995 e 2003).

“Quando o Fernando Henrique Cardoso teve o segundo mandato, ele mandou medidas para poder evitar que o Brasil quebrasse, e ele tinha como presidente da Câmara o Temer, que ajudou a aprovar as coisas, não trabalhou contra”, disse.

O MDB não declarou apoio a nenhum dos candidatos à segunda volta das eleições, dando assim aos seus apoiantes liberdade de voto para escolherem entre Lula da Silva e Jair Bolsonaro.

O partido de Michel Temer apresentou na primeira volta a senadora Simone Tebet como candidata à presidência. Senadora desde 2015, Tebet ficou em terceiro lugar com 4,2% dos votos. A candidata declarou esta quarta-feira apoio a Lula da Silva.

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