Com mais de 200 dias de guerra decorridos, estes foram os acontecimentos que marcaram a manhã desta quinta-feira, a maioria relacionados com a cidade de Zaporíjia — onde se situa uma central nuclear que a Rússia decidiu formalmente anexar. Durante a noite, a cidade foi alvo de novo ataque, com um míssil a atingir um prédio residencial, o que provocou a morte a pelo menos três pessoas.

O Presidente Vladimir Putin garantiu que estão a trabalhar para estabilizar os novos territórios. “Trabalhamos com o pressuposto de que a situação vai estabilizar para podermos desenvolver esses territórios tranquilamente e ajudar-vos a desenvolverem o país em geral”, afirmou, defendendo que a Rússia sempre respeitou o povo e cultura da Ucrânia.

O dia também ficou marcado pelas declarações do líder ucraniano, Volodymyr Zelensky, que revelou que as Forças Armadas recuperaram mais de 500 quilómetros quadrados de território na região de Kherson desde 1 de outubro. “Dezenas de localidades foram libertadas dos referendos falsos russos e estabilizadas”, afirmou Zelensky no habitual discurso.

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 O que aconteceu durante a noite

  • O antigo Presidente russo Dmitiri Medvedev acusou as potências ocidentais de terem “destruído a estrutura do comércio mundial”.
  • Imagens partilhadas por Julia Davis, uma jornalista do The Daily Beast que acompanha a televisão estatal russa, mostram um poiante de Putin chora num programa russa para incentivar a população a combater na Ucrânia.

  • O porta-voz do Kremlin disse que as declarações do Presidente ucraniano “não passam de um apelo para começar uma guerra mundial”. Em causa está um discurso de Zelensky dirigido ao think tank australiano Lowy Institute.
  • A situação humanitária na região de Kharkiv é “preocupante”, obrigando a intensos esforços de organizações para ajudar as cerca de 140 mil pessoas que ali permanecem após a saída das tropas russas, disse a ONU.
  • O Presidente da República defendeu que a União Europeia deveria adotar “regimes excecionais” para lidar com os custos da guerra na Ucrânia, tal como fez na pandemia de Covid-19.
  • Dois cidadãos estrangeiros foram detidos depois de navegarem através do estreito de Bering até ao Alasca, avançam as autoridades locais. Os dois homens desembarcaram na Ilha de St. Lawrence e terão dito aos residentes locais que estavam a fugir devido à mobilização na Rússia, relata a Sky News, citando o News Source.
  • O Presidente francês, Emmanuel Macron, voltou a manifestar-se contra um gasoduto que ligue a Península Ibérica ao resto da Europa, argumentando que a Europa deve sim investir nas interconexões elétricas.
  • O opositor russo Vladimir Kara-Murza foi indiciado na Rússia por “alta traição” devido a críticas públicas às autoridades no estrangeiro, incluindo em Lisboa, indicou o seu advogado, um crime que poderá implicar uma pesada pena de prisão.

 O que aconteceu durante a tarde

  • O Presidente norte-americano, Joe Biden, disse que não exclui a possibilidade de uma reunião com o homólogo russo, Vladimir Putin, durante a cimeira do G20, na Indonésia.
  • Na manhã desta quinta-feira, as forças russas lançaram um ataque com mísseis na Ucrânia a partir do território da Bielorrússia. A acusação parte de Oleksii Hromov, chefe adjunto da direção principal de Operações do Estado-Maior das Forças Armadas da Ucrânia, e Yurii Ihnat, porta-voz da Força Aérea ucraniana, em declarações ao jornal Ukrainska Pravda.
  • O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) sublinhou que a central nuclear de Zaporíjia é um complexo ucraniano, após o Presidente russo ter assinado um decreto que dá ordem ao Governo para tomar o controlo da central.
  • A Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional anunciou um investimento de 55 milhões de dólares para preparar as infraestruturas ucranianas para o inverno.
  • A diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI) disse que a situação económica mundial, potenciada pelo aumento da inflação “ainda vai piorar antes de melhorar”, reconhecendo que a invasão da Ucrânia deitou por terra as previsões da entidade.
  • Milhares de russos ligaram alegadamente para a linha direta criada pela Ucrânia para ajudar os soldados que se querem render, revelou o porta-voz dos serviços de informação ucranianos. Segundo o Ukrainska Pravda, Andriy Yusov disse que já receberam 2.000 chamadas nas últimas semanas.
  • O vice-presidente da administração militar civil de Kherson, nomeado pelo Kremlin, sugeriu esta quinta-feira que o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, deveria matar-se devido às falhas russas na guerra.
  • A Ucrânia deve vencer para que a Rússia não “avance para Varsóvia ou novamente em Praga”, disse o Presidente ucraniano aos líderes europeus na primeira reunião da Comunidade Política Europeia.
  • As forças armadas ucranianas avançaram cerca de 55 quilómetros nas últimas duas semanas numa contraofensiva na região de Kharkiv, revelou o general Oleksiy Gromov, segundo a Reuters.
  • Depois da Rússia ter anexado quatro regiões ucranianas, essas áreas começaram a aparecer na previsão do tempo na televisão russa. Uma fotografia partilhada pelo jornalista da BBC Monitoring Francis Scarr, que acompanha a televisão estatal russa, vê-se a previsão de Kherson, Lugansk, Donetsk e Melitopol (região de Zaporíjia).

O que aconteceu durante a manhã

  • O governador ucraniano de Zaporíjia, Oleksandr Starukh, anunciou que a cidade foi atacada durante a noite. Ao todo, pelo menos três pessoas morreram. As buscas nos escombros continuam.
  • Arrancaram os preparativos para a primeira reunião da recém-formada Comunidade Política Europeia, com os 27 líderes da União Europeia e de 17 outros países a discutirem a segurança e paz no continente europeu, num contexto de guerra. A primeira-ministra britânica, Liz Truss, prepara-se para ali discursar e classificar a situação atual como “a maior crise desde a II Guerra Mundial” na Europa.
  • Na cidade de Lyman, que foi reconquistada pelas forças ucranianas no passado domingo, foram encontradas mais de 50 sepulturas com corpos de civis. Também no nordeste as autoridades ucranianas exumaram mais de 530 corpos de civis em territórios reconquistados, anunciou hoje a polícia de Kharkiv.
  • Andrei Kartapolov (deputado russo, general e antigo vice-ministro da Defesa) deu uma entrevista onde afirma que o governo do país tem de “parar de mentir” nas atualizações que faz sobre a situação na Ucrânia.
  • Responsáveis militares norte-americanos revelaram que consideram que ritmo da ofensiva ucraniana é sólido o suficiente para almejar a reconquista total do território — incluindo a Crimeia.
  • O ministério da Defesa britânico partilhou a sua avaliação diária sobre a situação na Ucrânia e confirma o avanço da reconquista ucraniana no sul, avisando porém que ainda não ameaça as “principais posições defensivas russas” na região.
  • O Conselho da União Europeia (UE) aprovou hoje formalmente o oitavo pacote de sanções à Rússia pela invasão da Ucrânia.
  • O governador ucraniano de Lugansk, Serhiy Hayday, anunciou hoje que o exército ucraniano conquistou seis localidades na região.
  • A porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, assegurou hoje que o país está “completamente comprometido” com o princípio de evitar uma guerra nuclear.
  • A propósito dos referendos nas regiões de Donetsk, Lugansk, Zaporíjia e Kherson, o empresário Elon Musk escreveu que é necessário respeitar “a vontade das pessoas”: “A maior parte da Ucrânia quer sem dúvidas ser parte da Ucrânia, mas algumas zonas têm maiorias russas e preferem a Rússia”, disse. O Kremlin concordou.
  • As primeiras inspeções suecas “fortalecem suspeitas de sabotagem” nos gasodutos Nord Stream.