De acordo com informações prestadas sob anonimato à agência Reuters por uma fonte dos Museus do Vaticano, o homem que esta quarta-feira ao fim da manhã teve um aparente acesso de raiva e derrubou dois bustos dos respetivos pedestais, na chamada ala nova da Galeria Chiaramonte, já teria dado nas vistas por se “comportar de forma estranha”.

Mas nada faria prever aquilo que a seguir viria a acontecer: revoltado, o homem de cerca de 50 anos, que inicialmente vários jornais assumiram ser egípcio mas que entretanto se confirmou ter nacionalidade americana, vandalizou as duas esculturas e só não provocou mais estragos porque foi imediatamente imobilizado pelos funcionários dos Museus.

Após ser detido pela Guarda Suíça, a força responsável pela segurança do Vaticano, o turista, cuja identidade não foi ainda revelada, foi entregue às autoridades italianas, informou horas mais tarde Matteo Bruni, porta-voz do Vaticano.

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Via Twitter, Megan Williams, jornalista canadiana sediada em Roma, ao serviço da CBC, a rádio pública daquele país, avançou logo esta quarta-feira que teria sido por revolta e em protesto, por alegadamente ter visto o seu pedido de audiência privada com o Papa Francisco recusado, que o homem teria vandalizado os bustos.

Apesar do aparato, garantiu fonte do Vaticano ao Corriere della Sera, os danos nas esculturas, que foram imediatamente transportadas para os laboratórios de restauro dos Museus, “não são significativos”. “Os rostos não sofreram grandes danos, talvez de um dos dois espécimes tenha desprendido um pedaço do nariz”, pode ler-se naquele jornal italiano.

Entretanto, já esta quinta-feira, a jornalista Megan Williams atualizou a informação partilhada no Twitter para acrescentar que o homem alegadamente foi diagnosticado com “problemas de saúde mental”.

Segundo a CNA, a Agência de Notícias Católica, os bustos de mármore vandalizados esta quarta-feira são “representações de ‘figuras menores'”, parte da coleção criada pelo Papa Pio VII no início do século XIX e composta por mais de um milhar de bustos, estátuas e sarcófagos da Roma Antiga.

No mesmo artigo, a CNA cita uma publicação feita no Twitter por Elizabeth Lev, historiadora de arte e guia certificada dos Museus do Vaticano, que lamenta a “irresponsabilidade” dos turistas que têm visitado os monumentos italianos nesta época “pós-pandemica”.

A referência dá o mote para a agência recuperar alguns incidentes registados nos últimos meses no país: no início do ano, vários turistas em Roma e em Pisa destruíram drones contra edifícios medievais; e em junho outros dois desceram de mota a Scalinata di Trinità dei Monti, provocando danos no valor de 27.300 euros à famosa escadaria, que desemboca na Praça de Espanha, na capital italiana.

Nenhum destes se compara, ainda assim, faz questão de assinalar a CNA, com o ataque perpetrado a 21 de maio de 1972 na Basílica de São Pedro, quando Laszlo Toth, um turista húngaro que conseguiu inscrever o nome na História, atacou a Pietà, de Michelangelo, munido de um martelo que trazia escondido no casaco. Após obras profundas de restauro, a escultura, uma representação de Nossa Senhora com Jesus morto ao colo, talhada entre entre 1498 e 1499 pelo mestre renascentista, voltou a ser exposta ao público. Mas atrás de um painel acrílico à prova de bala.