Um membro do Governo Regional de Castela e Leão, Jesús Julio Carnero, defendeu esta terça-feira uma reflexão conjunta de Portugal e Espanha para atualizar a Convenção de Albufeira, que regula as relações ibéricas sobre os rios comuns.

“Estamos numa mudança do ponto de vista climatológico e temos de ter uma nova perspetiva para enfrentar a nova realidade“, disse Jesús Julio Carnero, em Coimbra, ao ser questionado pela agência Lusa sobre a gestão luso-espanhola dos caudais dos rios que nascem em Espanha e desaguam em Portugal.

O ministro da presidência do Governo de Castela e Leão falava num encontro com os jornalistas, após ter participado na celebração da “Declaração de Coimbra“, um documento para a cooperação transfronteiriça entre a região espanhola e o Centro de Portugal, que foi também assinado pela presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC), Isabel Damasceno.

O desenvolvimento do setor agroindustrial e a intervenção nos espaços naturais protegidos, bem como o combate à perda de população, são alguns dos eixos de intervenção do novo Plano Estratégico de Cooperação (PEC) entre as duas regiões, focado na transição ecológica e digital, em cuja preparação irão participar duas universidades, uma portuguesa e uma espanhola.

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Para termos resposta ao espaço natural“, segundo Jesús Julio Carnero, importa “fazer evoluir” o tratado que regula a gestão dos rios comuns, designadamente o Douro, o Tejo e o Guadiana.

O responsável espanhol ressalvou, contudo, que este é um assunto da competência dos governos nacionais de Espanha e Portugal, cujos primeiros-ministros, Pedro Sánchez e António Costa, respetivamente, estarão reunidos na próxima Cimeira Ibérica, em Viana do Castelo, na primeira semana de novembro.

Sofremos três grandes secas nos últimos seis anos“, enfatizou, para defender que deve ser encarada “a conveniência de analisar” a Convenção de Albufeira, quando “as circunstâncias têm estado a mudar de forma rápida e profunda” ao nível do clima.

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Isabel Damasceno, por sua vez, disse que a gestão ibérica da água não foi abordada na reunião com o representante do Governo de Castela e Leão, mas que o novo PEC “contemplará essa questão temática”, associada às políticas integradas para os espaços naturais comuns e tendo em vista a prevenção dos incêndios florestais.