O antigo presidente Lula da Silva prometeu esta quarta-feira acabar com a fome e a miséria nas favelas do Brasil, durante uma visita a uma das comunidades mais perigosas do Rio de Janeiro.

Após mais de 10 anos, Luiz Inácio Lula da Silva regressou ao “Complexo do Alemão”, um conglomerado de favelas no norte do Rio, onde os alimentos são escassos, os tiroteios são frequentes e as operações policiais que terminam em massacres abundam.

“Temos de pôr fim a esta história do Estado que só aparece na comunidade com a polícia”, disse Lula da Silva a um grupo de líderes comunitários que o acompanhou ao “Alemão”.

Antes que a polícia venha, temos de trazer saúde, cultura, educação”, acrescentou.

O antigo sindicalista quer aumentar o seu apoio no Rio de Janeiro, uma região estratégica para a presidência e onde Jair Bolsonaro, que pretende ser reeleito, está na liderança.

Na primeira volta das eleições, em 2 de outubro, o Presidente brasileiro ganhou com 47% dos votos no Rio, contra 43,7% de Lula da Silva.

A pouco mais de duas semanas da segunda volta, o líder progressista sabe que os votos a seu favor serão uma maioria nas comunidades que clamam por “comida no prato” e uma “vida digna”, dois dos seus principais ‘slogans’.

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“O povo voltará a comer três vezes por dia, voltará a ter um emprego formal”, prometeu o antigo sindicalista, perante uma multidão de apoiantes que o acompanhavam na favela.

Durante o seu discurso, Lula da Silva – que governou o Brasil entre 2003 e 2010 – também criticou o Governo de Bolsonaro e garantiu que vai provar “à elite que governa o país que mais uma vez um metalúrgico vai consertar” o Brasil.

No “Alemão”, considerada uma das favelas mais perigosas do Rio de Janeiro e onde os confrontos entre bandos criminosos e a polícia são frequentes, o candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) participou num passeio a céu aberto com os moradores da favela e outras comunidades que o acompanhavam.

Subindo para uma carrinha e mal protegido pelo colete de segurança que se destacava debaixo da sua camisa branca, Lula da Silva apertou as mãos a vários dos seus seguidores, abraçou crianças e até dançou ao ritmo do funk, ritmo que nasceu nos anos de 1990.

Nesta ocasião, o vermelho que identifica o PT, que Lula da Silva lidera, foi misturado com o branco da “paz” que o ex-presidente começou a promover na véspera para que os novos aliados que se juntaram à frente progressista, na sua maioria de partidos do centro, também se sentissem representados nesta segunda volta.

Durante a sua visita, o antigo sindicalista também se encontrou com líderes de 11 importantes favelas no Rio para conhecer as suas necessidades.

Estes líderes comunitários, que partilham as ideias de Lula da Silva e estão dispostos a promover votos a seu favor, também exigiram compromissos do ex-presidente se regressar à presidência.

Sair da invisibilidade e melhorar a qualidade de vida nas favelas através de programas culturais, educação e um serviço de saúde eficiente, foram algumas das principais exigências.

Entre os participantes encontravam-se representantes da “Rocinha”, lar de cerca de 100.000 habitantes e considerada a maior favela do Brasil, e da “Cidade de Deus”, conhecida mundialmente pela violência retratada no filme brasileiro com o mesmo nome.

“Maré”, um perigoso conglomerado de 16 favelas no norte do Rio de Janeiro, foi representada por Anielle Franco, irmã de Marielle Franco, a vereadora e ativista criada naquela comunidade que foi morta a tiro no centro da cidade em março de 2018.

De acordo com o último censo, o Rio de Janeiro tem cerca de sete milhões de habitantes, 22% dos quais vivem em favelas.