O coordenador do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Sul e Regiões Autónomas (STFPSSRA) considerou esta sexta-feira que a adesão à greve da função pública nos Açores foi “muita satisfatória”, com a “maioria das escolas” encerradas.

De um modo geral, no arquipélago, a maioria das escolas estão fechadas e algumas só não encerraram porque ainda têm muitos [trabalhadores em] programas ocupacionais e recibos verdes, que ilegalmente mantêm as escolas a funcionar”, afirmou, em declarações à Lusa, o coordenador do STFPSSRA, João Decq Mota.

Na área da educação, o dirigente sindical disse mesmo que esta “é uma das maiores greves de sempre”.

Também nos hospitais há serviços de encerrados e cirurgias canceladas, revelou João Decq Mota.

“No cômputo geral, na área da saúde, nos centros de saúde foi muito forte e não há nenhum hospital até ao momento que se situe abaixo dos 60% [de adesão]”, afirmou.

“Por exemplo, cirurgias que estavam programadas para o Hospital da Horta não se estão a realizar, porque como não há assistentes operacionais no bloco”, acrescentou.

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O sindicalista salientou ainda a adesão à greve nos matadouros públicos da região, nomeadamente no da ilha de São Miguel, onde “num universo de 170 ou 180 trabalhadores, só foram trabalhar três”.

“É uma greve muito grande nos principais matadouros da região, com o matadouro da Terceira fechado e sem distribuição, o matadouro de São Miguel encerrado e com o problema de ter havido algumas entregas que não deviam ter existido, o matadouro do Pico com 60% de adesão e o matadouro do Faial sem abate”, avançou.

Segundo João Decq Mota, esta adesão “é uma resposta inequívoca dos trabalhadores da rede de abate pública regional” à proposta da Iniciativa Liberal de criação uma sociedade anónima de capitais exclusivamente públicos, que visa substituir o Instituto Regional de Ordenamento Agrário (IROA) e o Instituto de Alimentação e Mercados Agrícolas (IAMA).

“É um sinal muito claro de que os trabalhadores não estão a favor da junção do IROA com o IAMA”, sublinhou.

O sindicalista criticou a “contrainformação” registada em alguns locais de trabalho, onde disse ter sido “posto a correr que esta greve tinha sido desconvocada”, mas disse que a adesão é, “de um modo geral, satisfatória”.

“Esta adesão demonstra efetivamente o descontentamento dos trabalhadores da administração pública regional”, apontou.

A greve convocada pelo STFPSSRA em agosto visa contestar a “postura arrogante e discriminatória” do Governo Regional.

Os trabalhadores reivindicam “a valorização e o reforço de todos os serviços públicos da administração pública regional”, “o aumento da remuneração complementar para 100 euros”, a “reposição das carreiras profissionais na administração pública” e o “respeito pelos acordos celebrados”.

Pedem ainda a “correção da Tabela Remuneratória Única”, a “revogação do sistema integrado de gestão e avaliação do desempenho na administração pública regional dos Açores (SIADAPRA)” e a integração de “todos os trabalhadores dos programas ocupacionais que exercem funções permanentes nos serviços públicos regionais”.