O secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou esta segunda-feira para uma “situação de pesadelo” no Haiti e voltou a apelar no Conselho de Segurança ao envio de uma força militar internacional para enfrentar a crise humanitária.

Em simultâneo, na capital Port-au-Prince e em outras regiões do país, centenas de haitianos saíram às ruas para protestar contra o envio de uma força militar dos Estados Unidos e Canadá justificada pelo aumento da insegurança e a atividade de grupos armados.

A situação é absolutamente dramática. O porto está bloqueado pelos gangs que não deixam sair o combustível (…). Sem combustível, não há água. E haverá cólera”, cujo tratamento necessita de uma boa hidratação, declarou Guterres perante os media.

“É uma situação de verdadeiro pesadelo para a população do Haiti, principalmente em Port-au-Prince”.

O terminal petrolífero de Varreux, o mais importante do país, está bloqueado por grupos armados desde meados de setembro, paralisando todo o país.

Neste contexto, Guterres apelou recentemente numa carta dirigida ao Conselho de Segurança que “examine com urgência o pedido do governo haitiano de deslocar sem demora uma força armada especializada internacional para enfrentar a crise humanitária“.

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O Conselho de Segurança da ONU deve debater esta tarde (hora de Nova Iorque) a situação no país caribenho.

Centenas de manifestantes iniciaram entretanto protestos por toda a ilha, em particular na capital, contra o envio de forças militares norte-americanas e canadianas.

Os manifestantes, convocados pelo partido Pitit Desalin, concentraram-se no Campo de Marte, o maior jardim da capital, para depois se dirigirem ao aeroporto, segundo indicou o portal noticioso Gazette Haiti.

Entre barricadas e gritos de protesto, pediram a demissão do primeiro-ministro haitiano, Ariel Henry, pela “intervenção” de forças armadas estrangeiras, pelo elevado custo de vida e as graves condições económicas.