Os serviços do Ministério do Trabalho estão a averiguar o anunciado despedimento coletivo de 300 trabalhadores pela Adidas em Portugal, mas desconhecem qualquer intenção oficial da multinacional alemã, disse esta quarta-feira a ministra Ana Mendes Godinho.

“O que estamos a fazer é, no âmbito do trabalho do Ministério do Trabalho, a desencadear todos os processos necessários para garantir a salvaguarda dos trabalhadores, é sempre esse o nosso compromisso. Naturalmente, também desenvolvendo aqui os contactos com a empresa, uma vez que formalmente não deu entrada nenhum processo de despedimento”, disse a ministra do Trabalho, em declarações aos jornalistas, na Praia, à margem de uma visita que está a realizar a Cabo Verde.

Em Portugal, como é óbvio, não pode haver qualquer tipo de despedimento sem que sejam seguidos os procedimentos legais. E, portanto, isso tem que ser tudo garantido e salvaguardadas todas as situações”, acrescentou.

Ana Mendes Godinho insistiu que até ao momento “não houve qualquer comunicação formal sobre o despedimento” na Adidas na Maia.

“Portanto, os serviços do ministério estão neste momento a desencadear todos os seus processos para ter toda a informação sobre o que poderá estar a ser desencadeado por parte da empresa”, afirmou.

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Na segunda-feira foi denunciado o despedimento de 300 colaboradores da Global Business Services Porto – GBS Porto, situada desde 2009 no Parque de Ciência e Tecnologia da Maia (TecMaia), no distrito do Porto, devido a “mudanças na estrutura organizacional” da empresa, que vai deslocar serviços para fora de Portugal.

“Como digo e reitero, qualquer empresa que faça um despedimento coletivo em Portugal tem que seguir processos, tem que ser salvaguardada a situação dos trabalhadores e isso podem ter a certeza que será a nossa missão e, portanto, naturalmente, agora o processo será desencadeado a partir do momento em que haja comunicação do despedimento”, acrescentou a ministra, rejeitando mais considerações sobre a situação.

Não vale a pena estarmos a especular sobre uma situação sem que a situação seja devidamente averiguada. E é isso que está a ser feito pelos vários organismos do Ministério que têm competência para o efeito”, disse ainda.

Um grupo de deputados socialistas questionou esta quarta-feira os ministros da Economia e do Trabalho sobre a forma como o Governo está a acompanhar o processo de despedimento coletivo numa subsidiária da Adidas, na Maia, distrito do Porto.

Numa nota divulgada pela bancada do PS, refere-se que este requerimento formal dirigido aos ministros António Costa Silva e Ana Mendes Godinho partiu dos deputados socialistas eleitos pelo círculo eleitoral do Porto, tendo como primeiros subscritores o secretário-geral adjunto do partido, João Torres, e o deputado Carlos Brás.

Adidas avança para 300 despedimentos em centro de serviços na Maia

Estes deputados do PS, em linhas gerais, pretendem esclarecimentos do Governo sobre o “despedimento coletivo de 300 trabalhadores da Global Business Services Porto — GBS Porto, questionando se tem conhecimento da reestruturação da operação nacional da subsidiária da Adidas sediada na Maia”.

“Considerando as informações divulgadas pela empresa de que o Porto continuará a desempenhar um papel importante na sua operação, tem o Governo conhecimento dos planos da Adidas para esse efeito”, pergunta-se no requerimento.

O mesmo grupo de deputados do PS pretende também apurar se o executivo tem “medidas e/ou programas nos quais possam ser eventualmente enquadrados os trabalhadores afetados por esse despedimento coletivo”.

No requerimento, os deputados do PS começam por aludir à atual conjuntura internacional, “marcada por fortes flutuações nas cadeias logísticas, agravada pela guerra na Ucrânia e pelo fenómeno inflacionário”, o que coloca “desafios acrescidos às empresas”.

No entanto, estes deputados do PS salientam a seguir que “as alterações significativas anunciadas” nessa empresa da Maia “têm um profundo impacto na vida de centenas de trabalhadores, assim como na economia local e regional”.

Os deputados do PS referem que, apesar do contexto adverso, “não ignoram o esforço que o Governo tem desenvolvido com o objetivo de manter e reforçar as condições de atratividade do país no que concerne ao investimento estrangeiro e à fixação de empresas internacionais”.

“Do mesmo modo, os signatários compreendem as dificuldades acrescidas que uma decisão desta natureza — e com esta magnitude — representa para os trabalhadores, a quem, desde logo, expressam a sua solidariedade e a sua total disponibilidade para acompanhar o processo em curso”, frisam logo depois os deputados do PS.

Este requerimento foi também subscrito pelos vice-presidentes do Grupo Parlamentar do PS Carlos Pereira e Francisco César, assim como pelos deputados coordenadores nas comissões de Economia e da Segurança Social e Trabalho, Hugo Costa e Tiago Barbosa Ribeiro, respetivamente.