O Austral é o mais recente SUV da Renault, destinado a substituir o Kadjar e a competir no segmento mais importante do mercado europeu, o C, onde os veículos exibem um comprimento em torno dos 4,5 metros. Mas numa marca que já oferece todo o tipo de motorizações, com ênfase nos híbridos plug-in (PHEV) e nos 100% eléctricos, o novo SUV surpreende ao ser “apenas” híbrido, visando os clientes que procuram uma alternativa aos motores a gasóleo, ou que não podem (ou não querem) recarregar as baterias dos seus modelos.

Concebido sobre a plataforma CMF-CD da Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi, a mesma que é utilizada no mais recente Nissan Qashqai, o Austral é fabricado em Palência, no norte de Espanha e, na gama da marca francesa, vai posicionar-se por cima do Arkana por ser mais volumoso, mais cuidado na construção e mais sofisticado no equipamento. A sua oferta será composta por dois motores mild hybrid, a 12V e a 48V, o primeiro com 140 cv e o segundo com 160 cv. A estes juntam-se as versões mais interessantes, os full hybrid com 160 cv e 200 cv.

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Como é o Austral, por fora e por dentro?

O novo Austral surge como um SUV convencional, sem desejo de se aproximar dos SUV mais dinâmicos, os denominados SUV coupé, estatuto esse que está já entregue ao Arkana. Com um ar robusto e uma assinatura luminosa em linha com as que caracterizam a Renault, aqui reforçada pela presença de faróis Matrix Beam LED adaptativos, o SUV evita o ar “pesadão” deste tipo de veículos com recurso ao desenho e diâmetro das jantes e restantes elementos decorativos. Estes variam de acordo com o nível de equipamento, do mais acessível Equilibre ao mais sofisticado e completo Esprit Alpine, passando pelos intermédios Techno e Iconic.

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O habitáculo é amplo, com o condutor a usufruir de um apoio de braço e de um suporte para a mão, o que facilita a utilização do ecrã táctil central, que é de 12” nas versões mais equipadas e de 9” nas restantes. Os materiais são bons e agradáveis, tanto à vista como ao tacto, para quem está ao volante ter à sua frente um painel de instrumentos digital com 12,3”, com as possibilidades de personalização a serem muitas, especialmente ao nível da iluminação. Um botão no volante permite ao condutor aceder ao Multisense e seleccionar o modo de condução ideal para a ocasião.

A habitabilidade atrás é boa, sobretudo em largura e espaço para as pernas, especialmente se explorarmos a capacidade de fazer deslizar longitudinalmente o assento posterior (16 cm). Isto permite favorecer o espaço para o habitáculo ou a bagageira, que assim oscila entre 430 e 555 litros, um bom valor para a categoria.

32 ajudas à condução e equipamento sofisticado

Apesar do preço do Austral full hybrid ser apenas 5000€ superior ao Arkana com mecânica equivalente (ainda que com menos 15 cv), o novo SUV surge visivelmente mais bem equipado. Para começar em matéria de segurança, já que conta com 32 sistemas de ajuda à condução, tendo-nos sido permitido testar alguns deles, especialmente o que nos permitia circular em auto-estrada só com uma mão no volante, enquanto o SUV descrevia as curvas e mantinha a distância ao carro da frente, que nos pareceu funcionar correctamente.

Gostámos igualmente do head-up display com 9,3”, que permite não retirar os olhos da estrada enquanto conduzimos, bem como do painel de instrumentos digital que parece ter o ecrã central na sua continuação. Este pareceu funcionar particularmente bem em termos de software, graças ao Google Maps, Google Assistant e ao Google Play, com o sistema a ser conectado e a aceitar os vídeos do YouTube e da Amazon Prime já a partir de 2023.

Um dos trunfos do Austral é o seu 4Control, o sistema de quatro rodas direccionais que aqui conhece a sua 3.ª geração. Não só anuncia mais versatilidade e maiores ângulos de viragem, tanto no sentido das rodas da frente como em sentido contrário, como reivindica ainda um software mais evoluído, capaz de se adaptar melhor à condução de quem está aos comandos.

Híbrido diferente, mas para melhor

O Austral vai oferecer as versões mais acessíveis com motores mild hybrid a 12V e a 48V, sempre apoiados no motor de quatro cilindros e 1333 cc sobrealimentado, que debita 140 cv ou 160 cv, consoante o caso, sendo ajudado (mas pouco) por um pequeno motor eléctrico (cuja potência nem sequer é anunciada) e uma bateria com somente 0,15 kWh. Estas versões serão as mais baratas, mas não as mais interessantes.

Deixando de lado os mild hybrid, uma solução com menos potencial para poupar a carteira e o ambiente – basta ver que com 140 cv anunciam 6,2 l/100 km e 139 g de CO2, contra 4,6 l/100 km e 104 g de CO2 do full hybrid (FHEV) com 200 cv –, deverá ser o Austral FHEV a usufruir de maior procura, por ser aquele que se consegue bater com os diesel e realizar os mesmos consumos dos PHEV a que não se recarregue a bateria.

Mas há grandes diferenças entre o sistema híbrido que a Renault estreou no novo SUV e aquele que era utilizado até aqui nos FHEV da marca francesa, os denominados E-Tech Hybrid, nomeadamente no Captur, Mégane e Arkana, que montavam como motor a combustão o 1.6 atmosférico a gasolina com 98 cv, de origem Mitsubishi. O Austral E-Tech Full Hybrid, assim é apelidado o modelo, recorre ao motor 1.2 sobrealimentado com três cilindros com 130 cv, a que se alia um motor eléctrico com 68 cv (existe um segundo motor com 34 cv, mas serve apenas para modular a caixa e recarregar o acumulador), alimentado por uma bateria que também é maior, com 2 kWh em vez dos anteriores 1,2 kWh.

Consumos e emissões impressionam

Com a nova mecânica híbrida, desenvolvida pela Renault, que aqui seguiu um rumo distinto da Nissan, o Austral FHEV usufrui de 200 cv e anuncia 4,6 l/100 km em WLTP, um dos melhores valores do mercado neste segmento. E basta compará-lo com concorrentes como o Toyota Rav4 Hybrid (consumo de 5,7 l/100 km), o Nissan Qashqai e-Power (5,3), o Hyundai Tucson Híbrido (5,5) ou o Kia Sportage HEV (5,6) para nos apercebermos da validade do casamento do pequeno motor 1.2 turbo com a caixa de velocidades multimodo com 15 relações, entre mecânicas e moduladas electricamente. A Renault afirma ainda que, em meados de 2023, iniciará a produção de outra versão deste FHEV com apenas 160 cv.

Com estes valores, o Austral pode bater-se em custos de utilização com os SUV da mesma bitola com motores a gasóleo, conseguindo ainda anunciar os mesmo consumos ao alcance dos condutores dos híbridos plug-in que não tenham por hábito recarregar as suas baterias. De caminho anuncia ainda emissões de 104 g de CO2, cerca de 20% abaixo do que é habitual neste tipo de mecânicas, com esta menor quantidade de carbono a ser mais fácil de anular com a produção de veículos eléctricos.

Como é ao volante?

Conduzimos o Austral nos arredores de Madrid, entre a capital espanhola e a pequena estância de esqui de Navacerrada, num percurso misto que nos permitiu enfrentar auto-estrada plana, mas igualmente estradas sinuosas de montanha. Só pudemos conduzir a versão FHEV de 200 cv, equipada com 4Control e suspensão independente atrás e agradou-nos o comportamento do SUV, onde até o conforto é melhor, uma vez que a 3ª geração das quatro rodas direccionais obriga à montagem de uma suspensão traseira com rodas independentes, melhor para o comportamento e absorção do mau piso.

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Com maior capacidade de viragem das rodas traseiras (até 5º nas manobras a baixa velocidade), tivemos ocasião de verificar que o SUV revela a mesma agilidade de um pequeno Clio em zonas apertadas, para de seguida constatarmos que em estrada de montanha evitava “fugir” de frente quando éramos muito optimistas a abordar as curvas mais lentas. O Austral E-Tech Full Hybrid não é um desportivo, ideal para quem procure emoções fortes, como aliás se pode depreender pela capacidade de aceleração (0-100 km/h em 8,4 segundos) ou pela velocidade máxima (175 km/h), mas mantém um bom ritmo em qualquer tipo de situação e responde com vigor ao acelerador.

O percurso em autoestrada permitiu-nos percorrer várias dezenas de quilómetros a 110 km/h, sempre com um olho no velocímetro e outro na Guardia Civil que, entre radares e helicópteros, possui uma série de “brinquedos” para nos aliviar a carteira. No final, o consumo apontava para 3,7 l/100 km, um valor abaixo do reivindicado pela marca.

Quando chega e por quanto?

Já é possível encomendar o Renault Austral, com as primeiras unidades a serem entregues aos clientes a partir de Janeiro de 2023, excepção feita para o Austral E-Tech Full Hybrid 160, que chegará apenas em Junho do próximo ano. A versão mais acessível do SUV francês, o mild hybrid 140 com o nível de equipamento Equilibre, será proposta por 33.300€. Esta mesma motorização com o nível de equipamento Techno exige um investimento adicional de 2500€, a que há que somar 1000€ caso se opte pela caixa automática de variação contínua (CVT). A versão mild hybrid 160 Techno Esprit Alpine é proposta por 38.800€, para a Iconic ser entregue contra um pagamento de 40.800€.

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O Austral E-Tech Full Hybrid 200 Techno está à venda por 40.800€, o que potencialmente condena as versões mild hybrid 140 e 160 com caixa automática, pela reduzida diferença no preço, sem considerar as vantagens em matéria de potência e de custos de utilização. A mais possante versão do Austral, com equipamento Techno Esprit Alpine é proposta por 42.300€, com o Iconic a exigir 44.300€ e o Iconic Esprit Alpine, o mais completo, a ser transaccionado por 45.300€.