No seu habitual espaço de comentário, na SIC, Luís Marques Mendes continua a apontar as medidas que o Governo avançou para combater a inflação — e que chegam este mês ao bolso dos portugueses — e as que constam no Orçamento do Estado para concluir que são “insuficientes”. O antigo líder do PSD aponta especificamente para a falta de medidas para quem “a assustadora situação” de quem tem crédito à habitação e vai ser afectado pelo aumento das taxas de juro, mas também os apoios a pensionistas e os 125 euros mensais que alguns portugueses já receberam.

“A lógica dos apoios tem de ser mais seletiva: não se deve apoiar a todos por igual, mas apoiar mais os que são mais pobres e vulneráveis”, começou por dizer o comentador que revelou que “há dias um ministro” disse-lhe “que a sua mulher teria direito a este apoio de 125€/mês. Com todo o respeito, a mulher de um ministro não é propriamente uma pessoa socialmente vulnerável”, atirou Mendes.

Além disso, o comentador e conselheiro de Estado fez contas aos aumentos de pensões e os agravamentos fiscais que acarretarão para alguns pensionistas, dando exemplos concretos e concluindo que “alguns milhares de pensionistas, sobretudo com pensões mais baixas, além de serem penalizados nas actualizações a partir de 2024, também vão ser penalizados em IRS”. “O desdobramento por dois anos da pensão de 2023 acaba por ser um bom negócio para o Estado, mas um mau negócio para milhares de pensionistas”, afirmou no comentário televisivo pedindo uma norma no Orçamento para 2023 que “garanta neutralidade fiscal. Que garanta que qualquer pensionista afetado fiscalmente por este desdobramento da  pensão será compensado do mesmo valor pelo Estado”, detalhou.

Quanto aos beneficiários de crédito à habitação, o comentador considera que a situação “é cada vez mais precária”. “Os números começam a ser assustadores”, disse apontando simulações de crédito e respetivo agravamento da prestação da casa, caso a revisão acontecesse agora.

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Neste ponto concreto, Mendes considera que “o Governo está a ter dois pesos e duas medidas. Teve apoios concretos para os inquilinos, e bem: o congelamento das rendas a partir dos 2% de aumento. Já no crédito à habitação os apoios são claramente insuficientes”, disse apontando às medidas apresentadas pelo Governo: a facilitação do reembolso antecipado de empréstimos; a flexibilização das retenções na fonte; e o alargamento dos prazos de empréstimos. “Tudo é útil, mas não resolve o essencial. Nem representa qualquer apoio financeiro ou fiscal”, disse Marques Mendes.

PSD não deve criticar política de contas certas

Sobre o líder do seu partido, Luís Montenegro, o comentador antecipa-lhe uma “tarefa difícil” e diz que “o PSD não deve cometer o erro de criticar a política de contas certas. Seria dar o dito pelo não dito. Não é credível. O PSD deve colocar as suas críticas noutros dois pontos: a falta de ambição do OE no plano económico; e a desigualdade no plano social”.

Os objetivos para o futuro devem passar por recuperar os funcionários públicos e os pensionistas, detalhou Mendes dizendo que estes grupos “fugiram” do PSD no tempo da troika.