O Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa saudou esta segunda-feira a atribuição da edição deste ano do Prémio Camões ao escritor brasileiro Silviano Santiago, destacando o seu percurso como poeta, ficcionista e ensaísta.

Professor com uma distinta carreira em universidades do seu país e dos Estados Unidos, poeta e ficcionista, vencedor dos prémios Jabuti e Oceanos, é também um destacado ensaísta, tendo estudado a literatura do período colonial e as obras de Carlos Drummond de Andrade e João Guimarães Rosa, entre outros, e publicado instigantes ensaios de crítica político-cultural, por exemplo sobre a ideia do Brasil ou sobre a América Latina”, destacou o chefe de Estado numa nota publicada no site da Presidência da República.

“Faço votos de que possa estar para breve a oportunidade de lhe entregarmos o Prémio Camões, bem como aos galardoados dos últimos anos”, acrescentou Marcelo Rebelo de Sousa.

A escolha do escritor brasileiro Silviano Santiago como vencedor do Prémio Camões 2022 foi anunciada esta segunda-feira pelo ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva.

Silviano Santiago, além de escritor com uma obra literária com vários prémios nacionais e internacionais (Jabuti, Oceanos, etc.), é um pensador capaz de uma intervenção cívica e cultural de grande relevância, com um contributo notável para a projeção da língua portuguesa como língua do pensamento crítico, no Brasil e fora dele (nos países ibero-americanos, africanos, nos Estados Unidos e na Europa)”, indicou o júri da 34.ª edição do Prémio Camões, citado pelo comunicado do Ministério português da Cultura.

Ensaísta, romancista, poeta e contista, Silviano Santiago, de 86 anos, é autor de cerca de 30 obras, e afirmou-se pela inovação de basear os seus estudos sobre literatura brasileira nas teorias dos estudos pós-colonais.

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No ano passado, o Prémio Camões foi atribuído à escritora moçambicana Paulina Chiziane, autora de “Balada de Amor ao Vento” e “Ventos do Apocalipse”.

O Prémio Camões de literatura em língua portuguesa foi instituído por Portugal e pelo Brasil, com o objetivo de distinguir um autor “cuja obra contribua para a projeção e reconhecimento do património literário e cultural da língua comum”.

Segundo o texto do protocolo constituinte, assinado em Brasília, em 22 de junho de 1988, e publicado em novembro do mesmo ano, o prémio consagra anualmente “um autor de língua portuguesa que, pelo valor intrínseco da sua obra, tenha contribuído para o enriquecimento do património literário e cultural da língua comum”.

Foi atribuído pela primeira vez, em 1989, ao escritor Miguel Torga.

Em 2019, o prémio distinguiu o músico e escritor brasileiro Chico Buarque, autor de “Leite Derramado” e “Budapeste”, entre outras obras; em 2020, o professor e ensaísta português Vítor Aguiar e Silva (1939-2022).

O Brasil lidera a lista de distinguidos com o Prémio Camões, com 14 premiados cada, seguindo-se Portugal, com 13 laureados, Moçambique, com três, Cabo Verde, com dois, mais um autor angolano e outro luso-angolano.

A história do galardão conta apenas com uma recusa, exatamente a do luso-angolano Luandino Vieira, em 2006.