O PSG até teve dois empates em 12 jogos na Ligue 1 mas os cinco pontos de vantagem no Campeonato em relação a Lens e Lorient dão conta de uma realidade demasiado previsível: a não ser que aconteça quase um qualquer tipo de cataclismo, os parisienses irão passear até à revalidação do título com mais ou menos diferença em relação aos adversários mais próximos. No entanto, a realidade na Liga dos Campeões é bem distinta. Ou melhor, a passagem aos oitavos nunca pareceu estar em causa mas o primeiro lugar iria ser uma luta até à última ronda depois das duas igualdades frente ao Benfica. E foi por isso também que os responsáveis não gostaram de ver a capa do Le Parisien este domingo e todas as notícias que se sucederam (e que acabaram por ser desmentidas) sobre os contratos das principais estrelas da equipa.

“Na sequência da notícia sensacionalista publicada em relação ao clube e a um dos seus jogadores, o PSG confirma que a notícia está errada em todos os detalhes apresentados. O timing escolhido por esta publicação é também surpreendente, a poucos dias de um jogo de Liga dos Campeões”, escreveu o clube em comunicado, contrariando algo que, de outra forma, já tinha sido escrito por outros meios sobre Kylian Mbappé aí não desmentido: mais de 630 milhões de euros brutos até 2025, entre salário bruto anual (72 milhões por época), o prémio de assinatura na renovação (180 milhões) e mais um bónus chamado de fidelidade crescente com o passar do tempo (de 70 a 90 milhões por temporada). Contas feitas, e de longe, “o maior contrato alguma vez assinado por um atleta em todo o mundo”, como remata a publicação.

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Verdade ou não, exagero ou não (e esses números correspondiam a 25% da folha de pagamentos do clube numa temporada), não foi propriamente a melhor notícia num balneário que ainda não sabe o que é perder na presente época mas que parece quase um barril de pólvora pronto para explodir tendo como a grande “mina” o relacionamento agora mais distante de Mbappé e Neymar depois de uma confusão que começou com a hierarquia dos marcadores de grandes penalidades. Coincidência ou não, e no melhor momento da temporada, voltou a emergir Lionel Messi, o outro vértice do ataque de luxo do PSG.

«Tivemos um início de jogo muito difícil, dada a pressão e presença do Ajaccio. Registei alguns problemas no jogo curto. Depois, com o golo, desbloqueámos o jogo, embora sem disfarçar alguma falta de ritmo. Algumas vezes progredimos bem mas não arriscámos o remate. Depois, na segunda parte, os outros dois golos foram magníficos. Este 4x3x1x2 que experimentámos com o Ajaccio é um sistema interessante. Talvez joguemos assim terça-feira, com o Maccabi Haifa, na Champions. Três médios dá mais força e presença à intermediária e ao centro nevrálgico, ao coração do jogo, além do apoio ao ataque, tinha dito Christophe Galtier após o último encontro. “Messi é um génio. Cuidado com ele, a manter esta forma. Fizemos algumas alterações no nosso sistema de jogo para os favorecer e viu-se efetivamente uma ligação muito forte entre ele e o Kylian”, acrescentou, sem referir como conseguiria encaixar depois Neymar.

Na verdade, foi relativamente fácil. Tão fácil como tirar da equipa Carlos Soler para colocar o brasileiro, a começar na esquerda mas com muita mobilidade entre as unidades da frente para que Mbappé fique mais confortado depois das críticas deixadas na seleção de que estava sempre ao meio. E tudo foi fácil.

O Maccabi até começou o encontro no Parque dos Príncipes a tentar ganhar a coroa de herói improvável mas bastou entrar a primeira jogada com uma trivela de Messi após assistência de Mbappé (19′) para ser ligado o rolo compressor que cilindrou o conjunto israelita no primeiro tempo: Mbappé aumentou em mais uma grande combinação com assistência de Neymar (32′), Neymar fez o terceiro depois de mais um grande passe de Messi (35′), o argentino bisou em cima do intervalo após mais uma grande transição com fintas de jogo de computador após passe de Mbappé para o remate de fora da área (45′). Pelo meio o Maccabi ainda reduziu por Seck na sequência de um livre lateral (38′) mas sempre que os franceses chegavam ao último terço com bola controlada a defesa dos visitantes quase parava a assistir à magia do trio da frente.

A tendência para o segundo tempo seria mais uns capítulos de demolição de um dos melhores tridentes ofensivos da atualidade (ou mesmo o melhor) mas, mais uma vez, foi o Maccabi a conseguir surpreender com mais um golo de cabeça de Seck que deixou em delírio os muitos adeptos israelitas presentes em Paris (50′). Uma boa ideia? Nem por isso. E se o início dos franceses foi meio adormecido e com preguiça para voltar a “entrar” em campo, quando voltaram a ligar a corrente voltou o acumular de oportunidades, de remates e de golos, com Mbappé a bisar em mais um grande pontapé em arco descaído sobre a esquerda após passe de Hakimi do corredor oposto (64′) e Goldberg a desviar para a própria baliza um cruzamento de Neymar após nova grande jogada (67′). Messi ainda teve uma bola na trave mas a noite não estava encerrada, com nova assistência agora para o 7-2 de Carlos Soler que fechou as contas (84′).