As duas equipas de hospitalização domiciliária do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD) apoiaram 100 doentes em seis meses de atividade deste serviço que “leva” o hospital à casa dos utentes.

“Já tivemos mais do que 100 doentes internados no domicílio e mais do 1.400 visitas domiciliárias aos doentes, quer de enfermagem, médicas e de assistentes sociais“, afirmou Fernando Salvador, diretor do serviço de Medicina Interna, que fez um balanço dos seis meses de atividade da Unidade de Hospitalização Domiciliária do CHTMAD.

A unidade integra duas equipas que estão alocadas aos hospitais de Chaves e de Vila Real, são constituídas por médicos, enfermeiros e assistentes sociais e têm capacidade para apoiar, em simultâneo, 10 doentes em casa.

Em março, o CHTMAD, com sede social em Vila Real, foi a 36.ª unidade hospitalar do Serviço Nacional de Saúde (SNS) a criar o serviço de hospitalização domiciliária, que foi lançado em 2018.

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“Está-se melhor, tenho visitas a toda a hora“, afirmou Francisco Tavares, de 79 anos, que esteve uma semana na modalidade de hospitalização domiciliária até ter alta pela equipa do hospital de Vila Real.

Devido a uma pneumonia, o septuagenário ficou três dias no hospital e foi, depois, para casa da filha, localizada na cidade capital de distrito.

Em Chaves, Sandra Morais, 37 anos, está em hospitalização domiciliária pela terceira vez, devido a uma infeção respiratória, e a necessitar de medicação intravenosa e de uso exclusivo hospitalar.

“Sinto-me 100% segura, com a vantagem de estar em casa. Sem dúvida que não há nada que pague o conforto do nosso lar”, afirmou esta doente, que regressou a casa depois de 10 dias internada no hospital e só depois de estabilizar o problema de saúde e de responder positivamente à medicação.

As visitas das equipas são feitas diariamente ou até duas vezes por dia, e os utentes dispõem de um contacto telefónico que está disponível 24 horas por dia.

“A vantagem é termos os doentes internados em casa, com os mesmos direitos que um doente que está internado no hospital e com inúmeras vantagens, quer em termos de redução das intercorrências infecciosas, de agitação, quedas e a comodidade para o doente e para o seu cuidador”, sintetizou Fernando Salvador.

Melhorando assim, acrescentou, a humanização de cuidados e o bem-estar do doente.

“E faz a diferença na recuperação. A recuperação é muito mais célere nesses mesmos doentes estando em casa“, salientou.

Os utentes são referenciados pelos clínicos dos hospitais e é também feita uma avaliação das condições sociais dos doentes e dos cuidadores.

Para poderem estar em hospitalização domiciliária os doentes têm de estar “relativamente estabilizados“.

Entre os vários equipamentos que são deixados em casa, Sandra Morais traz pendurada ao peito uma bomba de perfusão de medicação, que está programada para administrar o antibiótico de seis em seis horas.

“Para mim esta foi a melhor solução, sem dúvida”, frisou a doente.

A filha e cuidadora de Francisco, Lídia Tavares, disse que foi “muito importante” para si ter o pai em casa, explicando que o septuagenário está com “várias patologias” e que, no meio hospitalar, não é possível dar “tanta atenção aos sinais”.

“Este método de hospitalização domiciliária foi fantástico”, afirmou, realçando que contribuiu para uma recuperação mais rápida do seu pai.

As equipas percorrem uma distância máxima de 30 quilómetros a partir de cada unidade hospitalar, o que permite, segundo Fernando Salvador, cobrir “70 a 80% do distrito de Vila Real”.

O médico disse que o objetivo é “alargar e aumentar o número de doentes seguidos”.