A Universidade de Coimbra (UC) integra o projeto europeu “Meter Matters”, que está a analisar a inclusão no desporto para potenciar o acesso a financiamento de programas de desporto inclusivo.

Segundo um comunicado enviado à agência Lusa, o estudo pretende potenciar o acesso dos apoios aos programas desportivos que envolvem atividades com pessoas com perturbações de neurodesenvolvimento, do espetro do autismo e dificuldades intelectuais e desenvolvimentais.

“O estudo surge depois de o grupo de investigação ter identificado que, apesar de existir legislação nacional e internacional que apoia a participação inclusiva no desporto, há lacunas entre a prática e as diretrizes da União Europeia, no apoio sustentado a programas de desportos inclusivos na forma de cofinanciamento de recursos estatais e locais”, explicou Maria João Campos.

A investigadora, que leciona na Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da UC, considerou que o cofinanciamento é relevante dado que, “na maioria dos países, as ações de financiamento estão direcionadas para o desporto de alto rendimento, nomeadamente para o programa paralímpico”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Segundo a docente, existe uma lacuna no acesso ao financiamento para a oferta de atividades físicas adaptadas e inclusivas nos contextos recreativo e desportivo, que tem “condicionado os programas de desporto inclusivo, pois a oferta dos clubes desportivos em modalidades adaptadas e ou inclusivas é extremamente diminuta, estando vedada aos potenciais praticantes a participação em algo tão básico como a realização de atividade física regular“.

“A criação de modelos e critérios de financiamento vai permitir que clubes, associações desportivas, e outro tipo de instituições e entidades tenham a oportunidade de usufruir de fundos que lhes permitam promover o desporto inclusivo”, sublinhou Maria João Campos.

Para potenciar o acesso aos apoios, o projeto europeu “Meter Matters” vai propor critérios adequados para o cofinanciamento de programas desportivos que envolvem pessoas com perturbações do neurodesenvolvimento em organizações desportivas, e, por outro lado, um modelo de cofinanciamento de inclusão no desporto a nível nacional, em cada um dos três países envolvidos.

O projeto está em curso na Eslovénia, Portugal e Hungria, sendo coordenado pela Faculdade de Desporto da Universidade de Ljubljana (Eslovénia).

Vai ser desenvolvido até 2024 e envolver profissionais de ciências do desporto, psicólogos, praticantes de desporto e seus familiares, especialistas nacionais e internacionais em políticas desportivas de inclusão, organizações desportivas, organizações que atuam na área da deficiência e da saúde e que implementam programas desportivos, e decisores.

Para Maria João Campos, se os critérios e o modelo de cofinanciamento forem testados em projetos-piloto por alguns anos, “espera-se que possam vir a surgir soluções mais sustentáveis no desporto para todos e que os critérios mensuráveis para a inclusão no desporto possam ser usados em candidaturas a fundos”.

A longo prazo, a investigadora da UC considerou “expectável que os critérios para avaliar a inclusão no desporto e a proposta de um modelo de cofinanciamento seja um dos passos importantes para a regulação do desporto para todos”.

Além da Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da UC, o projeto conta também com a colaboração da Associação Portuguesa para as Perturbações do Desenvolvimento e Autismo de Coimbra.