As Nações Unidas estimaram esta quinta-feira que os quatro meses de violência tribal no sul do Sudão provocaram cerca de 360 pessoas, num período que viu um significativo aumento dos confrontos na periferia do país.

A violência crescente no estado do Nilo Azul, que começou em julho, obrigou 97 mil pessoas a sair de casa, muitas das quais tiveram de fugir para os estados vizinhos, além de terem ferido 469 pessoas, de acordo com o gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários, citado pela agência Associated Press.

Há duas semanas, pelo menos 230 pessoas foram mortas em 48 horas de violência no seguimento de disputas territoriais entre as tribos Hausa e Berta e Hamaj.

O aumento da violência surge num contexto em que os generais que governam o país e as principais fações do movimento pró-democracia começaram negociações mediadas pela comunidade internacional para relançar o processo de transição democrática.

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No início da violência, os Hausa mobilizaram-se por todo o Sudão, alegando serem discriminados pela lei tribal que os proíbe de possuir terras porque foram os últimos a chegar ao Nilo Azul.

A questão do acesso à terra é muito sensível no Sudão, um dos países mais pobres do mundo, onde a agricultura e a pecuária são responsáveis por 43% do emprego e 30% do Produto Interno Bruto (PIB).

Desde o golpe do general Abdel Fattah al-Burhan de 25 de outubro de 2021, os conflitos tribais têm vindo a aumentar devido ao vazio de segurança criado pelo golpe.