Na declaração final da Cimeira Luso-Espanhola, em Viana d Castelo, os governos dos dois países sinalizam duas novas ligações de Alta Velocidade: Aveiro-Salamanca e Faro-Huelva-Sevilha. “Não são para amanhã nem depois, mas hoje mesmo podemos começar a estudar essas ligações para, numa próxima cimeira, podermos tomar as decisões de forma robusta e segura com calendário que obrigue os dois estados”, argumentou o primeiro-ministro António Costa ao lado do homólogo Pedro Sánchez.

Portugal lançou recentemente a obra da ligação de Alta Velocidade entre Lisboa-Porto-Vigo e António Costa quer continuar a “desenvolver uma infraestrutura fundamental para o transporte do futuro, para ajudar na descarbonização, permitir o transporte de mercadorias e ter a Península Ibérica mais integrada”.

As duas ligações indicadas por António Costa já foram estudadas no passado e chegarem a fazer parte do primeiro acordo entre os dois países alcançado em 2003 na cimeira da Figueira da Foz para a rede ibérica de alta velocidade com quatro linhas e um calendário faseado de construção. Neste acordo, existia um compromisso para avançar primeiro com Lisboa/Madrid e Porto/Vigo, ficando para mais tarde as linhas Aveiro/Salamanca — uma insistência de Portugal a pensar também no transporte de mercadorias — e Faro/Huelva/Sevilha, uma proposta feita por Espanha.

A cimeira abordou “praticamente todos os temas da governação”, disse o primeiro-ministro na conferência de imprensa final, sublinhando a “intensidade das relações” entre os dois países. Um dos pontos abordado foi o desenvolvimento das regiões transfronteiriças, mas politicamente pesou a questão energética e o acordo sobre as interconexões elétricas e de gás  entre a Península Ibérica e o resto da Europa — muito criticado pelo PSD que desconfiou do acordo alcançado entre os executivos de Portugal, Espanha e França.

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Neste ponto foi o chefe do Governo espanhol a dar garantias, reconhecendo a polémica que o assunto desenvolveu em Portugal. “Espanha irá cumprir os compromissos”, garantiu Sánchez relativamente a esse acordo. E relembrou, tal como já tinha feito Costa, que exista um projeto-comum até ao dia 15 de dezembro. O financiamento será tratado no encontro de Alicante, a 9 de novembro, com o presidente francês e a presidente da Comissão Europeia.

Da cimeira que decorreu esta sexta-feira saíram três acordos, sendo um deles a criação da constelação atlântica de satélites que, segundo o primeiro-ministro, será “um instrumento fundamental para disponibilizar informação seja para acompanhar o que se passa em terra, seja para disponibilização de dados para a investigação científica ou para o conjunto da atividade económica”.

Além disso, os países acordaram ainda o desenvolvimento da fileira microeletrónica e de semicondutores, juntando “capacidades comuns para que a Europa recupere autonomia estratégica e não continue a depender dos fornecimentos de países terceiros” destes componentes. Por último, assinaram ainda um acordo para a constituição do centro ibérico de investigação e armazenamento de energia, em Cáceres, “para garantir maior segurança energética”, afirmou Costa.