Nuno Simões de Melo, candidato ao Conselho Nacional pela Lista B, considera que Carla Castro tem de ser clara no que toca às negociações com os “liberais clássicos”. “Ou a candidatura da Carla Castro quer integrar algumas das nossas ideias e alguns liberais clássicos na sua lista ou então não quer e isso dá-nos legitimidade para tudo, incluindo, se for vontade dos membros, de lançarmos uma candidatura à Comissão Executiva”, assegurou em declarações ao Observador.

A reação de um dos nomes mais vocais da oposição interna surgem depois de a candidata à liderança liberal ter garantido que não há negociações em curso e que “não é permeável” a entendimentos.

O cabeça de lista acredita que existem “sinais contraditórios” e que é preciso transparência: “Num dia querem no dia seguinte aparece uma fonte oficial não identificada nos media a dizer o contrário.”

Apesar das críticas, a Lista B continua a confiar na deputada para chegar à liderança, reforçando a ideia de que se trata de uma “lufada de ar fresco“. Ainda assim, Nuno Simões de Melo deixou o alerta: “Achamos que se [a candidatura] não integrar várias correntes de opinião nunca passará de apenas uma corrente de ar.”

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“Não temos todo o tempo do mundo”, sublinhou, frisando que os responsáveis continuam “focados na apresentação de uma alternativa que caminhe para a separação de poderes e descentralização dentro do partido”.

Depois de várias dúvidas sobre o tema, a equipa de Carla Castro garantiu que recusou negociar com a Lista B e revelou que fechou a porta a uma das linhas mais conservadoras do partido, que procurava espaço ao lado da candidatura alternativa a João Cotrim Figueiredo.

O Observador sabe que o posicionamento da Lista B relativamente ao Chega pesou na decisão. No site da lista protagonizada por Nuno Simões de Melo e em resposta à pergunta “Os liberais clássicos querem coligar-se com o Chega?” pode ler-se: “Não acreditamos também no estabelecimento de linhas vermelhas, ou cercas sanitárias a partidos legais em Portugal.”

Apesar de negar um cordão sanitário, a Lista B considera o Chega um “partido fortemente conservador e estatizante”, que de “liberal tem muito pouco ou nada e que está, em muitos temas, mais próximo do Partido Socialista do que da Iniciativa Liberal”.

Ainda assim, a falta desta cerca ao partido liderado por André Ventura — que a atual direção de Cotrim Figueiredo sempre deixou claro — não deixou margem para dúvidas na equipa de Carla Castro.

Carla Castro dá nega a “liberais clássicos” e deixa conservadores com poucas alternativas