“Obrigado, Miguel Oliveira. Sete temporadas juntos, 120 corridas feitas, incluindo 17 vitórias e quatro pole positions. Tudo termina com isto. É o momento para um último tango juntos, vamos acabar em altas”. A mensagem era destacada no topo da conta oficial da equipa de fábrica de KTM antes do Grande Prémio da Comunidade Valenciana e por lá ficou mesmo depois da prova, onde o conjunto austríaco teve um quinto lugar do português que saiu da 14.ª posição e mais um pódio do segundo classificado Brad Binder. Após uma qualificação aquém do esperado, melhor era quase impossível na corrida. Iria sempre haver festa nas boxes mas a mesma teve outro significado com a garantia do top 10 no Mundial de 2022.

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A KTM partilhou um vídeo nas redes sociais com o português a fazer as últimas acelerações com a moto parada junto das boxes, com muito fumo até fazer com as mãos o sinal de que tinha chegado ao fim. Um abraço forte ao pai (e agente), mais abraços emocionados com os principais responsáveis da equipa, muito respeito de todas as partes numa separação complicada, que se perdeu numa novela de avanços e recuos até Miguel Oliveira assinar pela nova RNF Aprilia, mas que nem por isso apagou o que estava para trás. “Obrigado. Não te podemos agradecer o suficiente por tudo que fizeste por nós”, destacou.

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“Foi um bom fim de semana, o nosso ritmo esteve incrível. Tínhamos potencial para acabar a corrida no pódio mas começámos muito longe na grelha de partida e a lutar contra a pressão dos pneus e desafios que todos conhecemos. Ainda assim, ficar no top 5 foi uma maneira positiva de terminar a época e está feito. Todos aproveitaram nas boxes e isso é o mais importante. Acabar o Mundial não era o meu objetivo, acho que podíamos ter terminado em oitavo. Tenho sentimentos mistos pelo fim do meu capítulo na KTM e pelo início de um novo. Houve altos e baixos mas fez parte da nossa viagem juntos e sei que dei sempre o máximo. Saio com um bom sentimento”, comentou o português aos meios oficiais da equipa.

Ao todo, em sete anos entre Moto3, Moto2 e MotoGP, Miguel Oliveira alcançou várias marcas:

  • 2015 (Moto3): 6 vitórias (Itália, Países Baixos, Aragão, Austrália, Malásia e Valência), 9 pódios (seis primeiros lugares e três segundos), 2.º lugar no Mundial com 254 pontos a seis de Danny Kent;

Miguel Oliveira é vice-campeão mundial de Moto3

  • 2017 (Moto2): 3 vitórias (Austrália, Malásia e Valência), 9 pódios (três primeiros lugares, dois segundos e quatro terceiros), 3.º lugar no Mundial com 241 pontos a 67 de Franco Morbidelli;

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  • 2018 (Moto2): 3 vitórias (Itália, Rep. Checa e Valência), 12 pódios (três primeiros lugares, cinco segundos e quatro terceiros), 2.º lugar no Mundial com 297 pontos a nove de Pecco Bagnaia;

Miguel Oliveira é vice-campeão mundial de Moto2. Piloto português foi segundo na Malásia mas não chegou para ser campeão

  • 2019 (MotoGP): 0 vitórias, 0 pódios, 8.º lugar como melhor resultado (Áustria), 17.º lugar no Mundial com 33 pontos a 83 do top 10 e a 387 de Marc Márquez;

Histórico: Miguel Oliveira faz melhor resultado de sempre no MotoGP com o oitavo lugar na Áustria

  • 2020 (MotoGP): 2 vitórias (Estíria e Portugal), 2 pódios (dois primeiros lugares), 9.º lugar no Mundial om 125 pontos a dez do top 5 e a 46 de Joan Mir;

Histórico: Miguel Oliveira consegue primeira vitória de sempre no Moto GP no Grande Prémio da Estíria

  • 2021 (MotoGP): 1 vitória (Catalunha), 3 pódios (um primeiro lugar, dois segundos), 14.º lugar no Mundial com 94 pontos a 12 do top 10 e a 184 de Fabio Quartararo;

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  • 2022 (MotoGP): 2 vitórias (Indonésia e Tailândia), 2 pódios (dois primeiros lugares) 10.º lugar no Mundial com 149 pontos a 40 do top 5 e a 116 de Pecco Bagnaia.

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“É um momento emotivo. É uma despedida de vários anos de colaboração com a KTM, muitas conquistas, emoções boas e más partilhadas, mas o nosso desporto é feito disso mesmo. Como eu disse ontem [sábado], não deixei nenhuma gota de suor por gastar dentro do corpo. Estou orgulhoso disso, do percurso que fiz. Décimo no campeonato neste grupo tão de elite, com a nossa moto, com todos os altos e baixos, sair neste lugar não é mau de todo. O balanço é positivo. O quinto lugar dá aquela sensação que já sabíamos, que tínhamos potencial para mais. Andei várias voltas com a pressão demasiado alta no pneu dianteiro, estive prestes a cair diversas vezes, mas o que importa é que chegámos ao final e ainda consegui atacar o [Joan] Mir. Acabar esta corrida assim é positivo. Regresso em breve? Não sei se querem que volte rápido mas, para já, hoje à meia noite o meu foco muda”, comentou o piloto português à SportTV.

“Foram sete anos, com 17 vitórias, uns 40 pódios… Obviamente que isso traz recordações de longa data. Começámos em 2015 e agora quis o destino que nos separássemos. Estão novos desafios à porta. Penso que a nossa atitude no paddock, tanto da parte do Miguel como da parte das pessoas que o envolvem… Somos um pouco diferentes e emocionais. Transmitimos emoção, as pessoas gostam. Somos como uma família. Hoje foi notório que vai deixar muitas saudades o facto de seguirmos cada um o seu caminho. Não digo que não poderemos voltar. Para já, nos próximos dois anos, vamos estar bastante envolvidos com a Aprilia. Depois vamos ver o que se segue”, salientou o pai e agente, Paulo Oliveira.