Há cada vez mais raparigas a entrar mais cedo na puberdade, antes dos oito anos de idade. Essa antecipação pode trazer problemas, desde neoplasias (cancro), depressões ou desordens alimentares, de acordo com os pediatras ouvidos pelos Público.

Os especialistas consultados referem estar a assistir a mais casos de puberdade precoce nos últimos anos em raparigas. Em 2017, a Sociedade de Endocrinologia e Diabetologia Pediátrica (SEDP) criou uma plataforma onde agrega dados quantitativos. E se nesse ano havia 200 casos, atualmente há 400. Catarina Limbert, uma das pediatras ouvidas, diz que durante a pandemia, o número aumentou de forma mais expressiva.

A conclusão da antecipação da puberdade já tinha sido analisada há duas semanas pela revista New Yorker, que tentou traçar as causas. A partir da viragem do século, segundo a revista, os estudos começaram a demonstrar que 18% das raparigas caucasianas entravam na puberdade aos oito anos, quando anos antes tal acontecia por volta dos 13 anos.

As causas identificadas são a obesidade entre crianças e jovens, que aumentou, a maior exposição aos ecrãs, o que faz reduzir a produção de melatonina, e a assimilação dos “disjuntores endócrinos” pelo organismo, como os químicos que constam nos plásticos — os pediatras sugerem que se usem materiais inertes, como o vidro —, nalguns biberões, tupperwares e até em alguns cosméticos e na comida processada.

O stress também pode ter uma quota parte, uma vez que as hormonas do stress, se em nível significativo no sangue, podem provocar a produção de hormonas sexuais. É por isso que alguns dos especialistas consultados creem que a situação se pode ter agravado durante a pandemia, um período de maior stress e ansiedade. Também a obesidade e a alimentação podem estar a contribuir.

A puberdade precoce pode trazer problemas, nomeadamente no aumento do risco de neoplasias na mama (que também pode ser potenciada com os tais “disjuntores endócrinos” e a obesidade), mas também em termos de depressões, pelo estigma entre os pares, ou desordens alimentares.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR