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Um médico, um vice-governador e três Presidentes vão à Pensilvânia, Estado decisivo para Trump e Biden

Este artigo tem mais de 1 ano

A Pensilvânia pode pender as eleições intercalares para os Democratas ou para os Republicanos. Este sábado, Biden, Trump e Obama estiveram lá a apoiar os seus candidatos. A batalha está renhida.

President Biden And Former President Obama Campaign In Philadelphia For State's Democratic Candidates
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Esta terça-feira, ficará a saber-se como votou a Pensilvânia: contas importantes para o resultado destas "midterms" norte-americanas

Mark Makela/Getty Images

Esta terça-feira, ficará a saber-se como votou a Pensilvânia: contas importantes para o resultado destas "midterms" norte-americanas

Mark Makela/Getty Images

Não é habitual ver-se três líderes políticos que já foram eleitos Presidentes dos Estados Unidos da América a fazer campanha num mesmo Estado, no exato mesmo dia. Mas foi isso que se viu este sábado na Pensilvânia, um dos mais decisivos para o resultado das eleições intercalares nos EUA — que se definem esta terça-feira — e que pode fazer pender a vitória deste importante ato eleitoral ou para o Partido Democrata, do atual Presidente Joe Biden, ou para o Partido Republicano, que já tem em Trump quase um pré-candidato anunciado para 2024.

A Filadélfia, mais exatamente à Temple University, acorreram Joe Biden, que tem na Pensilvânia o seu estado natal, e Barack Obama, este último Presidente dos EUA durante dois mandatos, de 2009 a 2017, e símbolo de uma força eleitoral do Partido Democrata que Biden, mesmo tendo vencido Trump (à justa), não conseguiu replicar.

A pouco mais de 400 quilómetros de distância, que se percorrem em sensivelmente quatro horas e meia de automóvel, era Donald Trump quem surgia, para projetar como muito possível uma futura candidatura presidencial em 2024 mas não só, também para dar um empurrão ao Partido Republicano rumo à recuperação do controlo do Senado.

As sondagens, como referem meios de comunicação norte-americanos distintos como o Politico, a CNN ou o The New York Times, sugerem uma corrida particularmente renhida entre os candidatos apoiados pelos dois partidos (e pelos três Presidentes).

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São candidatos o Republicano Mehmet Oz, médico e celebridade televisiva que se projetou mediaticamente com conselhos de saúde no “The Oprah Winfrey Show” — a ponto da empresa da apresentadora, a Harpo Productions, ter criado um programa próprio para Oz —, e que pode ser o primeiro senador muçulmano dos EUA, e o Democrata John Fetterman, vice-governador do estado que tem visto a vantagem nas sondagens emagrecer exponencialmente nas últimas semanas. Uma queda que se acentuou depois dos dois terem debatido uma única vez, há perto de duas semanas.

Um referendo à presidência de Biden ou a antecâmara do regresso de Trump. O que está em causa nas eleições intercalares nos EUA?

Que impacto vai ter o “elefante na sala” na eleição?

“Falemos também do elefante na sala”. A frase era proferida por John Fetterman a 25 de outubro. O elefante na sala era a sua condição de saúde. “Tive um AVC. Ele [Mehmet Oz] nunca vai deixar que eu me esqueça disso. E podem faltar-me algumas palavras ao longo deste debate, posso embrulhar duas palavras distintas”, avisava o candidato Democrata, que precisou de legendas para poder acompanhar as declarações do adversário.

Ninguém sabia exatamente o que esperar. John Fetterman sofrera um Acidente Vascular Cerebral cinco meses antes e tinha pela frente um oponente mais do que habituado a falar para as câmaras, que aliás se começou projetar mediaticamente mais como comunicador televisivo do que como político.

O impacto do debate “ainda não é claro”, escrevia recentemente o Politico, que antes disso, num resumo do frente a frente que classificara como “o debate das eleições intercalares visto com mais atenção este ano neste país“, notara que Fetterman “sentira por vezes dificuldades para comunicar de forma eficiente”, falhando-lhe palavras, fazendo pausas mais prolongadas do que o habitual e “falando de forma hesitante”.

Também o The New York Times alinhou no mesmo tom, referindo que Fetterman “pareceu por vezes parar à procura das palavras certas” e em alguns momentos”proferiu um emaranhado confuso de frases para expressar as suas opiniões”, por vezes “contradizendo mesmo, na fala, o que pensa”. Tal é percetível, por exemplo, no vídeo de resumo publicado pelo Washington Post, aos 1:52 minutos e aos 2:01 minutos:

Se o impacto do debate para as eleições neste estado decisivo está ainda por clarificar por completo, a verdade é que as sondagens foram ficando cada vez mais taco a taco, a ponto de a vantagem de John Fetterman nestes estudos de opinião ter caído para “apenas um ou dois pontos percentuais”. Ainda que os médicos de John Fetterman tenham garantido, segundo o The New York Times, que o candidato Democrata pode trabalhar “sem quaisquer restrições” e que está a “recuperar muito bem”.

A “experiência” de Obama e a dramatização de Trump e Biden nos últimos esforços

O equilíbrio, e a importância central do estado da Pensilvânia para os resultados eleitorais nos EUA — em 2020, o estado foi decisivo para fazer pender a vitória presidencial para Joe Biden —, fizeram juntar no mesmo raio de 500 quilómetros Biden, Trump e Obama.

Este sábado, o atual Presidente dos EUA juntou-se a Fetterman e ao candidato do Partido Democrata a Governador, Josh Shapiro (marcadamente favorito nessa corrida que o opõe ao Republicano Doug Mastriano). Mas o maior apoio veio de Barack Obama, que terá sido mais aplaudido do que Biden — de acordo com os meios de comunicação locais — e que se dirigiu diretamente aos eleitores da Pensilvânia.

“Vocês têm uma escolha entre políticos que parecem capazes de dizer e de fazer o que for preciso para chegar ao poder e pessoas que vos veem, que se preocupam convosco e que partilham os vossos valores”, disse o antigo Presidente.

Obama alertou, ainda, para a importância das eleições intercalares: “Posso dizer-vos, com experiência própria no assunto, que as intercalares têm muita importância. Fui eleito no meio de uma crise financeira e fizemos as coisas certas para voltar a pôr a economia no rumo certo, mas isso aconteceu de forma lenta e as pessoas estavam frustradas — tal como estão agora”.

President Biden And Former President Obama Campaign In Philadelphia For State's Democratic Candidates Biden, Obama, Senate candidate Fetterman attend rally in Philadelphia

Obama, Biden e o candidato Democrata ao Senado, John Fetterman, este sábado em Filadélfia

Mark Makela/Getty Images

Já Biden também apelou ao voto do candidato, vincando o quão importante é a batalha eleitoral na Pensilvânia: “Companheiros: três dias, três dias até às eleições mais importantes do nosso tempo de vida. O resultado vai moldar o nosso país durante décadas e o poder de moldar esse resultado está nas vossas mãos. É uma escolha entre duas visões da América muito diferentes“.

Horas depois e a algumas, poucas, centenas de quilómetros de distância, Trump roubava o espectáculo para si mesmo quando abordava diretamente a possibilidade de se recandidatar em 2024. Mesmo que tenha acrescentado querer que “a atenção” naquela noite estivesse “concentrada no Dr. Oz e no Doug Mastriano”, algo que ficou ainda mais difícil quando voltou a dizer que com ele no poder, não existiria a atual guerra entre Rússia e Ucrânia.

Apesar de tudo, o antecessor de Joe Biden não hesitou em — tal como o Democrata — dramatizar a importância do resultado eleitoral na Pensilvânia. Para Trump, uma vitória do candidato Republicano naquele estado pode mesmo “fazer a diferença entre termos um país e não termos um país”.

Former President Trump Holds Rally In Pennsylvania Ahead Of Midterms Donald Trump Rally in Latrobe, PA

Donald Trump e o candidato Republicano Mehmet Oz, este sábado em Latrobe

Win McNamee/Getty Images

Mehmet Oz é um “trumpista”? Não exatamente

Entre os dois candidatos que procuram uma importante vitória na Pensilvânia existem, claro, diferenças programáticas substanciais.

Num dos polos, o Partido Republicano e o candidato por este apoiado, Mehmet Oz, acusam John Fetterman de não ter mão firme na resposta à criminalidade — uma preocupação de uma parte muito relevante do eleitorado da Pensilvânia —, aproveitam a pouca popularidade de Joe Biden para colar o candidato a senador à liderança do atual Presidente e lembram o seu passado na defesa da descriminalização de algumas drogas, refere o Politico.

Em sentido contrário, o lado Democrata visa o famoso médico tornado político acusando-o de compactuar com políticas altamente restritivas para o aborto — e alude ainda à sua incongruência, dado que Mehmet Oz não é o típico candidato da corrente Trumpista (é mais moderado do que o anterior Presidente dos EUA) e fez mesmo uma campanha a criticar os “extremismos” e a prometer “ser equilibrado”, mas acabou de braço dado com Trump.

Na terra de Biden, poucos se lembram dele — mas Biden garante que nunca os esqueceu

Como chegou a lembrar o The New York Times, em setembro Mehmet Oz garantiu que se estivesse no Senado norte-americano a 6 de janeiro de 2021 teria certificado os resultados eleitorais que deram a vitória a Joe Biden e, apesar de manifestar desconfiança pelos procedimentos legais daquelas eleições, nunca foi tão longe quanto Trump e os seus fiéis na alegação de que a eleição foi “fraudulenta” e que Trump foi “o verdadeiro vencedor”.

A proximidade recente entre Mehmet Oz e Donald Trump foi aliás aproveitada pela campanha democrata, à boleia do apoio anunciado, e para alguns inesperado, de Oprah Winfrey ao rival do seu antigo protegido televisivo. A tese da campanha de Fetterman resume-se rapidamente: se Oz parecia querer fazer uma campanha ancorada em posições moderadas, a proximidade recente com Trump vai comprometê-lo ao longo dos próximos anos caso vença esta terça-feira — e até Oprah percebeu isso.

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