A Autoridade para a Prevenção e o Combate à Violência no Desporto (APCVD) anunciou esta segunda-feira ter instaurado um processo com base nos alegados insultos racistas durante o jogo Olhanense-Rabo de Peixe, do Campeonato de Portugal de futebol.

“Face à notícia de insultos de natureza discriminatória e eventuais atos de racismo no jogo entre o Sporting Clube Olhanense — Clube Desportivo Rabo de Peixe, que se realizou ontem no estádio José Arcanjo em Olhão, a contar para a 6.ª jornada do Campeonato de Portugal Série D, estando em causa um eventual ilícito de natureza contraordenacional, a Autoridade para a Prevenção e o Combate à Violência no Desporto, instaurou um processo para apuramento dos factos e responsabilidades daí decorrentes“, refere a nota da APCVD.

No domingo, o futebolista Edson, do Olhanense, acusou Diogo Andrade, jogador do Rabo de Peixe, de ter proferido um insulto racista, tendo sido expulso quando reclamava, enquanto o clube açoriano rejeita a acusação.

“Momentos depois de lhe ter feito falta, sem querer, após outra falta, quando estávamos na grande área, ele disse: ‘seu preto de merda‘”, relatou à agência Lusa o médio dos algarvios, acrescentando que pelo menos outro jogador do Rabo de Peixe terá ouvido o alegado insulto.

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O jogador luso-guineense, de 26 anos, explicou que se dirigiu imediatamente ao árbitro, Ricardo Góis (Associação de Futebol de Setúbal), para o informar do que se tinha passado.

“Fui logo falar com o árbitro. Ele disse-me que ia estar atento, mas disse-lhe que era racismo e que ele não podia dizer só isso. Ele deu-me amarelo e, depois de eu falar novamente, deu-me o segundo amarelo“, declarou Edson, expulso aos 38 minutos da partida que terminou com vitória do Rabo de Peixe (2-0) e os locais reduzidos a oito jogadores, depois de mais duas expulsões no segundo tempo.

Por ocasião da expulsão de Edson, o encontro ficou interrompido cerca de cinco minutos, com a estrutura e outros jogadores do Olhanense a protestarem com o árbitro.

Diogo Andrade, jogador do Rabo de Peixe, não falou após a partida, mas o diretor desportivo dos açorianos desmentiu a acusação.

“Quando aconteceu estava no banco, mas os meus jogadores dizem-me que o termo que o jogador do Olhanense alega não foi o termo que o meu jogador disse. Se acontecesse, seria lamentável, mas, por aquilo que os jogadores me transmitiram, ninguém diz que a conversa foi dessa forma”, afirmou Hernâni Melo.

O presidente da SAD do Olhanense, Luís Torres, disse à Lusa que o clube ia apresentar um protesto no relatório do jogo e encaminhar a acusação para a Federação Portuguesa de Futebol.

A seu pedido, os agentes do Polícia de Segurança Pública (PSP) presentes no Estádio José Arcanjo, em Olhão, registaram a ocorrência.