O presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, assinalou esta quarta-feira, na Praia, a oportunidade de em 2024 associar-se às comemorações dos 50 anos do 25 de Abril de 1974 e o centenário do nascimento de Amílcar Cabral.

Evidentemente que o parlamento português está disponível para ter contacto por uma razão muito simples: nós tínhamos a mesma luta. Aqueles que lutaram contra a ditadura em Portugal tinham a mesma luta daqueles que lutaram contra o colonialismo português nas colónias africanas de Portugal, que era a luta pela liberdade”, afirmou Augusto Santos Silva, após visitar a sede da Fundação Amílcar Cabral, na Praia.

Fundador do então Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), que em Cabo Verde deu lugar ao Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), e líder dos movimentos independentistas nos dois países, Amílcar Cabral nasceu em 12 de setembro de 1924 e foi assassinado em 20 de janeiro de 1973, em Conacri.

“No próximo mês de janeiro já haverá uma evocação de Amílcar Cabral por ocasião dos 50 anos da sua morte, promovida por dois centros de investigação muito importantes de Portugal, um da Universidade de Coimbra e um da Universidade Nova de Lisboa. E essa evocação terá lugar também na Assembleia da República e, portanto, é pensar assim: este é o princípio do fio da meada que se pode ir aproveitando”, acrescentou.

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Augusto Santos Silva, que iniciou uma visita de três dias a Cabo Verde, destacou a importância da Fundação Amílcar Cabral ao desempenhar “uma missão absolutamente essencial”, que “é preservar o legado e a memória” de um “grande líder político africano e mundial”.

“E cumpre também outro objetivo muito importante que é preservar a sua documentação, que é muito rica, quer em documentos, quer em fotografias. E tem editado os textos de Amílcar Cabral, que vale a pena serem lidos porque não perderam em nada a atualidade”, apontou.

Após reunir-se com o presidente da fundação, o antigo Presidente da República de Cabo Verde, Pedro Pires, o presidente do parlamento português insistiu na possibilidade de associar as duas datas: “Ver também como podemos colaborar, porque o que acontece é que em 2024 os cabo-verdianos estarão a comemorar o centenário do nascimento de Amílcar Cabral e os portugueses estarão a comemorar os 50 anos do 25 de Abril e, portanto, são duas comemorações que celebram a mesma coisa, que é a liberdade, aqueles que lutaram pela liberdade e aqueles que finalmente conseguiram a liberdade”.

Para Pedro Pires, a visita de Augusto Santos Silva à Fundação Amílcar Cabral representou um “apoio” à atividade que a instituição tem vindo a desenvolver e admitiu a ideia de associar de alguma forma as duas datas, em 2024.

“Para nós, para a fundação e certamente para o Estado de Cabo Verde, porque nós, nesta matéria, não somos os únicos, é fundamental a intervenção do Estado de Cabo Verde nesta matéria das celebrações e também é importante a intervenção da Presidência da República”, disse Pedro Pires, em declarações aos jornalistas após a visita.

Associar isso aos 50 anos do 25 de Abril é extremamente interessante, oportuno. Será certamente uma oportunidade de trocar ideias que, em certa medida, por vezes, é trocar lembranças dos factos que aconteceram há 50 anos”, concluiu.

Aquela fundação está a preparar uma “reflexão” sobre os 50 anos do assassinato e o centenário do nascimento, e a trabalhar um projeto de inscrição dos escritos de Amílcar Cabral no programa “Memória do Mundo” da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), estabelecido em 1992 com o objetivo de contribuir para a preservação do património documental mundial.

A instituição, que tem como missão a preservação da obra e memória do seu patrono, criou em 2015 o espaço museológico Sala-Museu Amílcar Cabral, onde pretende dar a conhecer às gerações mais novas e aos turistas que visitam a cidade da Praia a história da luta de libertação liderada por Cabral.