O Canadá pode vir a fornecer gás natural a Portugal. A informação foi adiantada pelo ministro da Economia, que está a ser ouvido no Parlamento no âmbito da discussão na especialidade do Orçamento do Estado para 2023.

Questionado pelo deputado do Chega, Filipe Melo, sobre que “alternativas credíveis” tem Portugal à Nigéria, António Costa Silva reconheceu que “a questão da Nigéria é relevante” e que “Portugal pode ser uma das plataformas de resolução da crise energética europeia”. O ministro lembrou a “situação muito específica” do continente, que tem de substituir 140 mil milhões de metros cúbicos de importações da Rússia, cerca de 27% do mercado mundial.

Costa Silva reconheceu que “Portugal depende da Nigéria”, mas defendeu que o país pode explorar outros produtores, como os Estados Unidos, a Guiné Equatorial e Trinidad e Tobago, que têm gás natural liquefeito. O ministro admitiu que face aos problemas que existem na Nigéria, que este ano já falhou entregas à Galp, é necessário encontrar alternativas. “Temos de estar preparados”.

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E, nesse sentido, revelou que “há vários players com os quais podemos colaborar”, e que “ainda ontem tive uma reunião com a missão do Canadá que está interessado em desenvolver exportação de LNG”, e “pode ser uma das soluções”.

Quanto vale um unicórnio?

Esta tarde, no parlamento, o ministro foi ainda confrontado, pela Iniciativa Liberal, com o “valor dos unicórnios” para a economia portuguesa. “Qual dos sete unicórnios portugueses tem sede fiscal em Portugal?”, questionou Carlos Guimarães Pinto.

Costa Silva admitiu que “nem todos, penso que alguns têm”, nomeadamente “o que está em Coimbra”, afirmou, referindo-se à Feedzai. Os chamados unicórnios, empresas avaliadas em mais de mil milhões de euros, “têm sede noutros países mas tem uma interação grande com a estrutura das startups e com a economia portuguesa”, destacou Costa Silva.

“Não tenho uma visão rígida sobre as fronteiras na tecnologia”, resumiu, sublinhando que a intenção do Governo é “continuar a falar sobre unicórnios” e que “alguns vão querer ficar cá”, sendo para isso necessária uma fiscalidade atrativa, como a lei das startups que está em desenvolvimento, destacou.