A democrata Maura Healey é a nova governadora do estado do Massachusetts (que há 8 anos era liderado pelo Partido Republicano), tornando-se a primeira lésbica assumida a exercer o cargo nos Estados Unidos.
A noite de eleições já está a ser considerada histórica para o movimento LGBTQ e a de Healey não é a única vitória a celebrar. Aliás, mesmo antes de as urnas abrirem, já havia motivos de comemoração: estas eleições intercalares foram as primeiras nos Estados Unidos em que em todos os estados e em Washington DC se apresentaram candidatos LGBTQ — cerca de 90% deles concorreram pelo Partido Democrata.
A chamada “onda arco-íris” tem sido justificada com os receios de que os direitos da comunidade sejam revertidos, tal como aconteceu recentemente com o apagar da Constituição dos EUA do direito ao aborto. De acordo com a União Americana das Liberdades Civis, contabiliza o Los Angeles Blade, só durante 2022 foram propostos nos órgãos legislativos estaduais 191 projetos-lei anti-LGBTQ, o que fez com que muitos candidatos se propusessem a eleições.
Maura Healey, advogada, de 51 anos, derrotou Geoff Diehl, o candidato republicano, apoiado por Donald Trump, com 63,2% dos votos. Depois de conhecer os resultados, a nova governadora deixou uma mensagem a “todas as meninas e a todas as pessoas LGBTQ”: “Vocês podem ser o que quiserem”.
Quando soube que tinha ganho o único lugar reservado ao Vermont na Câmara de Representantes, Becca Balint, também democrata e igualmente lésbica assumida, agradeceu a “incrível honra” que lhe foi concedida pelos eleitores. Aos 54 anos, a professora nascida na Alemanha, filha de sobreviventes do Holocausto, tornou-se a primeira pessoa abertamente LGBTQ (e, simultaneamente, a primeira mulher) a ser eleita naquele estado para o cargo. “Saber que vou ser um exemplo para tantas pessoas do Vermont que nunca se viram representadas num cargo é uma honra”, disse, numa entrevista citada pela Rolling Stone.
Já Tina Kotek, que se candidata como governadora do estado do Oregon, e que também é assumidamente gay, mantém-se para já em silêncio, mas também poderá fazer história. Ao início da tarde desta quarta-feira (em Lisboa), estava à frente mas praticamente com a mesma percentagem de votos que a republicana Christine Drazan.
Becca Balint (@BeccaBalintVT) will be the first woman and first openly LGBTQ+ person to represent Vermont in the U.S. House of Representatives.
Watch our election night livestream: https://t.co/V30s2vE2ge pic.twitter.com/ujUIeiX4w3
— Democracy Now! (@democracynow) November 9, 2022
Entretanto, no outro lado do país, o New Hampshire tornou-se esta terça-feira o primeiro estado dos EUA a eleger para o seu parlamento um homem trans, anunciou o Victory Fund, um comité de ação política que tem como objetivo aumentar o número de funcionários públicos abertamente LGBTQ nos EUA.
Em 2017, a jornalista Danica Roem foi eleita para a câmara baixa do parlamento da Virgínia, tornando-se a primeira mulher transexual a ser eleita, em todo o país, para o cargo, e desde então várias outras mulheres trans igualaram o feito, mas o mesmo não tinha ainda acontecido com homens.
James Roesener, de 26 anos, foi eleito para o 22.º Distrito Estatal de New Hampshire. De acordo com a sua descrição no site do Victory Fund, identifica-se como bissexual e vive em Concord com a mulher e o gato. “Vou apoiar legislação que promova o bem-estar de todos, defendendo o nosso direito à segurança, proteção e autodeterminação, independentemente da idade, raça, estatuto de imigração, ocupação, rendimento, identidade de género, orientação sexual, saúde, ou capacidade”, prometeu durante a campanha.
James Roesener becomes the first transgender man elected to a state legislature in US history, defeating Republican Dennis Soucy!
Transgender candidates are doing amazing tonight. It is so critical we have their voices in the places where laws will be made! pic.twitter.com/QFkAOd9Jw3
— Erin Reed (@ErinInTheMorn) November 9, 2022