O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS) apelou esta quarta-feira para que seja enviada ajuda alimentar e médica “imediata” à região etíope do Tigray, uma semana após o Governo etíope ter chegado a um acordo com os rebeldes da região.

“Após o acordo de cessar-fogo, esperava que os alimentos e os medicamentos chegassem imediatamente. Não é este o caso. Uma semana não é um curto período de tempo para organizar, se necessário, as coisas para que isto possa ser feito”, disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, na conferência de imprensa semanal da organização.

“Vamos dar uma oportunidade à paz, mas também instamos à entrega imediata de alimentos e medicamentos e, claro, à reabertura de serviços básicos, como bancos, telecomunicações e outros, como a eletricidade (…)”, disse Tedros Adhanom Ghebreyesus.

Conversações para a paz no Tigray foram prolongadas e continuam esta segunda-feira em Pretória

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Durante a conferência de imprensa semanal, o diretor-geral da OMS defendeu ainda o acesso da região à imprensa.

Tedros é de Tigray, a região norte da Etiópia que tem estado sitiada nos últimos dois anos pelas forças federais e seus aliados, e tem falado repetidamente em conferências de imprensa sobre a tragédia humanitária na sua região.

Quase isolados do mundo durante mais de um ano, os seis milhões de habitantes do Tigray carecem de tudo: combustível, alimentos, medicamentos, comunicações e eletricidade.

O acordo de cessar-foro, assinado na semana passada, entre o Governo etíope e os rebeldes do Tigray deu esperança à OMS de que a ajuda humanitária possa ser entregue rapidamente.

“Muitas pessoas estão a morrer de doenças tratáveis. Muitas pessoas estão a morrer de fome (…). Mesmo em plena luta, os civis precisam de alimentos e medicamentos. Isto não pode ser uma condição”, disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, salientando que “os progressos nas negociações são bem-vindos”.

“Desde o início do conflito, a OMS tem afirmado que uma resolução pacífica é o caminho a seguir. Portanto, estamos felizes por as partes estarem a negociar e espero que continuem o seu compromisso, porque – como já disse muitas vezes – os corajosos escolhem a paz”, insistiu.

Michael Ryan, gestor de emergência da OMS, também salientou que o povo de Tigray “não precisa de uma gota de ajuda”, mas sim de “assistência maciça e imediata para salvar vidas“.

“Precisamos de assistência maciça… na alimentação, nos produtos sanitários” e na livre circulação de bens, serviços e pessoal humanitário, disse.

E reforçou que, se for estabelecido um corredor humanitário, este terá de ser constantemente aberto e sem restrições.

O governo de Adis Abeba e os rebeldes da região de Tigray chegaram a acordo a 2 de novembro, após nove dias de conversações em Pretória e menos de 48 horas antes do segundo aniversário do início da guerra.

O texto não foi tornado público, mas as duas partes afirmaram numa declaração conjunta que se tinham comprometido a uma cessação imediata das hostilidades, o desarmamento das forças rebeldes, o reinício da ajuda humanitária ao Tigray e a restauração dos serviços básicos, que têm sido negados à região há mais de um ano.