O presidente do PSD considerou esta quarta-feira que Rodrigo Gonçalves mostrou “desprendimento e responsabilidade” ao pedir a suspensão imediata do exercício de funções no partido, na sequência de uma investigação da Polícia Judiciária conhecida na terça-feira.

“Creio que é uma demonstração de desprendimento que dá e também de responsabilidade (…) por não ser intenção dele [Rodrigo Gonçalves] perturbar o normal funcionamento do partido e dos seus órgãos“, afirmou Luís Montenegro, em Ponte da Barca, no âmbito do programa “Sentir Portugal” em Viana do Castelo.

O líder do PSD disse ter falado com Rodrigo Gonçalves na terça-feira e compreendido o argumento que este invocou para suspender funções na Comissão Política Nacional do PSD.

Rodrigo Gonçalves terá pretendido, segundo o presidente dos sociais-democratas, evitar “qualquer perturbação partidária” devido à investigação em que está envolvido e “apesar de não ter sido constituído arguido“.

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Montenegro precisou que, após ter tido conhecimento do caso, indagou “com maior proximidade” Rodrigo Gonçalves, que lhe pediu a suspensão de funções.

“Acedi a esse pedido e creio que é adequado, nesta fase, em que não se sabe ainda muito bem quais são os factos que estão sob investigação e se ele terá ou não alguma implicação (…)Aguardemos os desenvolvimentos deste caso que não está na nossa esfera de domínio. Será uma avaliação que terá de ser feita, oportunamente, quando houver alguma novidade“, adiantou.

Na terça-feira, Rodrigo Gonçalves pediu a suspensão imediata do exercício de funções de vogal da direção do PSD para evitar “qualquer perturbação partidária”.

Numa nota do gabinete de comunicação do PSD enviada à Lusa, refere-se que “durante o dia de terça-feira foram realizadas diligências investigatórias, que incidiram sobre matéria relativa à atividade profissional do Dr. Rodrigo Gonçalves”.

Em causa está uma investigação da Polícia Judiciária em duas câmaras municipais, Oeiras e Odivelas, para “apurar a eventual prática de crime de corrupção ativa e passiva para ato ilícito, de participação económica em negócio e de prevaricação”.

Confrontado com um comunicado enviado neste dia às redações pelo presidente da Câmara de Oeiras, no qual Isaltino Morais lamenta que o seu nome esteja a ser “arrastado para a praça pública” por “guerras internas em estruturas do PSD, através de denúncias anónimas”, Montenegro disse desconhecer a nota e o seu conteúdo.

“Não sou detentor de nenhuma informação que me possa habilitar a dizer que este processo tem origem em denúncias anónimas e que elas possam ter partido de guerras internas no PSD”, disse, garantindo “categoricamente” desconhecer a existência de quaisquer “perseguições internas” no PSD, como alegou o autarca de Oeiras, que chegou a ser dirigente dos sociais-democratas.

“As guerras políticas devem fazer-se dentro da política e, nós, no PSD, somos um partido com uma grande democraticidade, de grande espírito de discussão interna e debate interno (…) Temos muitos momentos, a nível local, distrital e nacional para podermos dirimir os nossos conflitos políticos. A via judicial não é seguramente a via própria para dirimir conflitos políticos“, concluiu.