Atualizado às 22h50 com informação sobre estudo da Águas de Portugal sobre regiões que podem vir a necessitar de centrais de dessalinização.

O Governo está a ponderar a instalação de mais uma central dessalinização da água do mar para colmatar a falta de água potável no Litoral Alentejano. Duarte Cordeiro afirmou que esta central está a ser ponderada de forma a poder vir a responder à procura gerada pelo turismo, agricultura e indústria na região que é estruturalmente uma das mais afetadas por situações de seca.

Em desenvolvimento está já a construção de uma central de dessalinização, a primeira em Portugal continental, no Algarve. Este projeto faz parte do plano de eficiência hídrica para a região, o primeiro a ser aprovado, e que tem uma dotação de 200 milhões de euros. A confirmar-se, a central na costa alentejana será a segunda a ser instalada no território continental. Duarte Cordeiro, que falava na discussão na especialidade da proposta de Orçamento do Estado para 2023, referiu que é necessário  procurar soluções de financiamento que podem envolver investimento privado no projeto de dessalinização para o Litoral Alentejano. No caso da central prevista para o Algarve, o financiamento está assegurado pelo PRR.

Regantes do Mira interessados em investir. Oeste também pode justificar central dessalinizadora

Já na segunda ronda de respostas aos deputados, o ministro do Ambiente revelou que foi pedido à Águas de Portugal um estudo que faça o cruzamento entre os índices de escassez hídrica e as eventuais necessidades de mais soluções do ponto de vista de dessalinizadoras. No caso do litoral alentejano, tem havido interesse privado em avançar com projetos nessa área, nomeadamente por parte dos regantes do Mira — produtores agrícolas que usam o regadio naquele que é um dos sistemas hídricos mais afetados pela seca. Alguns setores têm colocado perguntas sobre mais infraestruturas e há uma alta probabilidade da central vir a ser considerada no plano de eficiência hídrica.

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Além do crescimento da oferta turística, esta é também uma região para o qual está prevista a instalação de projetos industriais de grande dimensão para a produção de hidrogénio verde (Sines), cujo processo de eletrólise requer a disponibilidade de recursos hídricos.

A Águas de Portugal identificou ainda outra região que poderá eventualmente justificar a construção de uma central de conversão da água do mar — o Oeste.

A proposta de Orçamento do Estado prevê a prossecução de um investimento de 57 milhões de euros, iniciado em 2028, para interligar os sistemas das bacias do Sado e do Mira ao empreendimento do Alqueva para permitir a irrigação desta região. De acordo com informação prestada pelo Ministério do Ambiente e Ação Climática ao Parlamento, já está 60% executado.

Para além do Algarve e do Alentejo, está previsto o desenvolvimento de um plano de eficiência hídrica para a bacia do Tejo e um plano para o aumento da resiliência ecológica do rio Tejo.

O ministro do Ambiente acrescentou ainda que o objetivo é ter planos de eficiência hídrica para todos os territórios. E referiu que o caso de Trás-os-Montes deixou preocupado o Governo e a Agência Portuguesa do Ambiente e que vai ser necessário um plano regional que tem de ser coordenado com a CCDR (Comissão de Coordenação de Desenvolvimento Regional) do norte. E sublinha que já estão a ser desenvolvidas iniciativas de prevenção e resolução dos efeitos da seca.