A polícia australiana anunciou esta sexta-feira que piratas informáticos russos são os responsáveis pelo roubo de dados médicos privados de 9,7 milhões de pessoas, incluindo o primeiro-ministro, clientes da seguradora Medibank.

Um “grupo de cibercriminosos livremente associados”, sob o nome “Extortion Gang” (Gangue da Extorsão), realizou o ataque cibernético a partir da Rússia, onde vivem, disse um funcionário da Polícia Federal Australiana Reece Kershaw.

Horas antes, os piratas informáticos tinham divulgado na dark web, pelo terceiro dia consecutivo, dados médicos privados, desta vez de mais de 700 clientes da Medibank com doenças ligadas ao consumo de álcool.

Nos dois primeiros dias, o grupo tinha exposto dados clínicos de pacientes seropositivos, toxicodependentes ou que fizeram abortos, juntamente com identidade, números de passaporte, datas de nascimento, endereços e informações médicas.

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Na quinta-feira, o “Extortion Gang” tinha avisado que ia continuar a publicar informação médica privada até receber um resgate de 9,7 milhões de dólares norte-americanos (9,6 milhões de euros), um dólar (0,99 cêntimos de euro) pelo registo roubado de cada um dos 9,7 milhões de clientes atuais e antigos da Medibank.

O diretor executivo da Medibank, David Koczkar, condenou a libertação da informação. “A natureza implacável dessa tática usada pelos criminosos é planeada para causar angústia e dano”, disse Koczkar, num comunicado.

“São pessoas reais por trás desses dados e o uso indevido dos dados é deplorável e pode desencorajá-los a procurar atendimento médico”, acrescentou Koczkar, garantindo que a Medibank estava a contactar e a oferecer apoio aos clientes afetados.

O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, que está entre os clientes da Medibank cujos registos pessoais foram roubados, apelou à comunicação social e ao público ao geral para não divulgarem os dados roubados, por exemplo, nas redes sociais.

“Temos de desincentivar este tipo de comportamento criminoso e repugnante que é repreensível” e está “a causar muito sofrimento na comunidade”, disse Albanese, à televisão Australian Broadcasting Corp.

Inicialmente, os piratas terão ameaçado expor diagnósticos e tratamentos de clientes famosos, a menos que fosse pago um resgate de um valor não divulgado.

Por seu lado, a Medibank considerou existir uma “hipótese limitada” do resgate impedir a publicação dos dados.

A Medibank atualizou a estimativa do número de pessoas afetadas pelo ataque informático, passando de quatro milhões, há duas semanas, para 9,7 milhões, esta semana.