A retirada de uma locomotiva a vapor da estação de Vila Nova de Gaia rumo à Guarda, prevista para a madrugada deste sábado, foi adiada devido a uma janela de tempo insuficiente para executar a operação, segundo a CP.
Questionada pela agência Lusa, fonte oficial da CP – Comboios de Portugal indicou que “a janela de tempo não foi suficiente” para retirar a locomotiva CP 294, de fabrico Henschel, datada de 1913. O procedimento foi adiado para data a definir, adiantou a mesma fonte.
Uma das seis locomotivas a vapor que estão atualmente na estação das Devesas, em Gaia, distrito do Porto, será transportada para a Guarda, disse à Lusa, na terça-feira, fonte da CP.
Em causa está a locomotiva CP 294, que irá para a Guarda “de acordo com um protocolo entre a FMNF [Fundação Museu Nacional Ferroviário] e a autarquia dessa cidade, onde irá ser restaurada e colocada numa rotunda”.
A operação estava prevista para ser feita durante a noite, movimentando a locomotiva de 64,345 toneladas e o ‘tender’ [vagão-reboque] para a linha de estaleiro da DST, empreiteiro das obras que atualmente decorrem no local, onde seria “carregada para camiões que a transportarão até à Guarda”.
A Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia rejeitou que a permanência das locomotivas a vapor na estação das Devesas seja “uma questão gaiense”, entendendo que a preservação do património ferroviário cabe à CP – Comboios de Portugal.
“Não fazemos disto uma questão gaiense, porque não temos museu do comboio e acreditamos que este é um património nacional e não local”, pode ler-se numa resposta enviada pela autarquia de Vila Nova de Gaia a questões da Lusa.
Estão na estação das Devesas, desde os anos 90, seis locomotivas a vapor do início do século XX, que deixaram de operar em meados da década de 70: uma da Winterthur (número 072, de 1916), quatro da Henschel (números 282, 294, 0184 e 0190, de 1910, 1913, 1924 e 1924, respetivamente) e uma da Schwarzkopff (número 701, de 1912).
“A deslocação das restantes locomotivas para outro local encontra-se em avaliação, não tendo ainda sido tomada uma decisão”, refere a CP, que também adiantou que, “neste momento, não está prevista a alocação de outras locomotivas a outros espaços”.
A CP disse ainda à Lusa que “o restauro não é viável para a recolocação em condições de circulação, uma vez que implicaria custos idênticos ou superiores a uma locomotiva nova”, mas todas “poderão ser restauradas para fins estáticos e expositivos, mesmo replicando algumas peças em falta”.
Em outubro de 2014, a CP deslocou as locomotivas a vapor na estação das Devesas para uma nova linha, “sem o perigo da instabilidade” verificado no local em que se encontravam naquela estação.