Uma exposição com cerca de 200 obras de 150 artistas portugueses e estrangeiros vai ilustrar a relação histórica entre Brasil e Portugal, a partir de terça-feira, em Lisboa, no âmbito das celebrações do bicentenário da independência.

Sob o título “Outras lembranças, outros enredos”, a mostra é a maior de sempre em Portugal com base na coleção privada Teixeira de Freitas e ficará patente na Cordoaria Nacional até 18 de dezembro, com entrada gratuita, indicou fonte da organização à agência Lusa.

No conjunto das duas centenas de obras – em diversos suportes, desde a pintura, escultura e fotografia – criadas em contextos políticos, económicos e sociais distintos, estão representados artistas como Alexandre Estrela, Gabriela Albergaria e Ana Vieira, de Portugal, ou Dalton Paula, Marepe e Rivane Neuenschwander, do Brasil.

Foram ainda selecionadas obras de artistas de outras nacionalidades, como Mona Hatoum (Palestina), Damián Ortega (México), Geta Bratescu (Roménia) e Carla Zaccagnini (Argentina), entre outros.

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De acordo com a organização, esta será a primeira grande apresentação, em Portugal, da coleção de arte contemporânea internacional, reunida pelo advogado e colecionador brasileiro Luiz Augusto Teixeira de Freitas, desde 2002.

A mostra, com curadoria de Bernardo Mosqueira e Luiza Teixeira de Freitas, será apresentada dividida em cinco partes: “Outras Lembranças, Outros Enredos”, que dá nome à exposição, “Tramas, Distâncias, Abismos”, “Ruínaconstrução”, “Estudos sobre a Liberdade” e “Língua: Poesia, Metamorfose, Apoteose”.

Os curadores propõem “uma narrativa disruptiva sobre a relação entre Brasil e Portugal num mundo globalizado”, e sublinham “a construção de novos diálogos e pontos de vista, ao longo destes 200 anos” de relacionamento, indica um comunicado sobre a iniciativa.

Para o curador Bernardo Mosqueira, cuja atividade se divide entre Nova Iorque e o Rio de Janeiro, citado no comunicado, este trabalho visa “inspirar reflexões sobre as nossas responsabilidades individuais e coletivas em relação à história e, também, na construção de novos futuros e outras formas de viver coletivamente”.

Por seu turno, a curadora Luiza Teixeira de Freitas apontou que a seleção de obras resultou do “grande desafio de criar um novo olhar sobre a Coleção Teixeira de Freitas, uma forma inédita de se aproximar deste acervo”.

Na seleção dos curadores pesou também a criação de “uma conexão espacial entre os cinco eixos temáticos [da exposição] e o contexto da Cordoaria Nacional, com toda a memória que este edifício carrega da história de Lisboa, já que aqui se produziam as cordas dos navios portugueses que transformaram a face do mundo”, destacou, no comunicado, a curadora que já colaborou com a Tate Modern e divide o seu tempo entre América, Europa e Médio Oriente.

“Outras Lembranças, Outros Enredos” — que é inaugurada na terça-feira, às 18:00, e abre ao público na quarta-feira – é uma iniciativa do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal, por convite à Coleção Teixeira de Freitas, no quadro do bicentenário da independência do Brasil.

Em 2019, cerca de 300 obras da Coleção Teixeira de Freitas foram apresentadas em Espanha, na Fundação Santander, integrada no programa oficial da Feira Internacional de Arte Contemporânea — ARCO Madrid.

A Coleção Teixeira de Freitas está focada principalmente nas duas últimas décadas e em artistas emergentes, contando também com um grupo de artistas e obras históricas dos anos 1960 e 1970 que servem como matriz histórica para os seus temas e conceitos.