A organização humanitária católica Caritas acusou esta segunda-feira a polícia de fronteira francesa de estar a expulsar menores migrantes, aumentando a sua idade nos documentos e identificação para alegar que já são adultos.

Christian Papini, diretor da Caritas Intemelia, uma organização voluntária que ajuda migrantes na cidade italiana de fronteira Ventimiglia, alertou para “o problema sério que é os franceses expulsarem crianças depois de lhes alterar as idades”, lembrando que isso “é contra o Tratado de Dublin”, que determina qual o Estado-membro da União Europeia responsável pela análise de uma candidatura de asilo.

Papini referiu que França fechou as suas fronteiras com a Itália em 2015 e não só manda de volta crianças depois de alegadamente lhes dar documentos falsos, mas também “expulsa famílias inteiras”.

De acordo com o diretor da Caritas Intemelia, os “guias” de migrantes, que recebem 300 euros por cabeça para levar migrantes pelas montanhas até França, geralmente aceitam o dinheiro e não cumprem o acordo. Estes “guias” são, segundo adiantou, frequentemente migrantes que viveram em condições precárias e exigiram ajuda.

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Papini também observou que “poucos migrantes querem ficar em Itália”, preferindo “ir para a Alemanha, para a Suécia ou para a Holanda [Países Baixos]”, onde existem sistemas de previdência mais generosos e onde os empregos são mais abundantes.

A Itália acusou a França de hipocrisia ao repelir migrantes em Ventimiglia, ao mesmo tempo que chama Roma de “desumana” por não receber 230 migrantes que estavam no mar há três semanas, tendo acabado por desembarcar em Toulon (sul de França).

Os dois países culparam-se mutuamente pelo incidente que envolveu o navio de resgate de migrantes no mar “Ocean Viking”, da organização francesa SOS Mediterranée e que gerou um foco de tensão entre Roma e Paris.